Destroços encontrados no fundo do mar do Vital de Oliveira,navio brasileiro naufragado em 1944 — Foto: Foto: Agência O Globo
GERADO EM: 14/07/2024 - 04:30
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“Torpedeado e afundado o Vital de Oliveira”. Assim O GLOBO registrou em título na capa da edição de 22 de julho de 1944 o ataque ao navio brasileiro,três dias depois do naufrágio. A demora em noticiar a tragédia se explica pelo ritmo mais lento de circulação das informações e a maior dificuldade para se confirmar os acontecimentos,em especial em circunstâncias como aquela.
Naqueles dias de julho,a cobertura sobre os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial vinha tomando conta de toda a primeira página e trazia o frenesi das revelações sobre a derrocada da Alemanha,na Europa. Àquela altura,os aliados já haviam desembarcado pelo Oceano Atlântico na Normandia com a liderança dos Estados Unidos,no DIA D,e na Frente Oriental as tropas nazistas enfrentavam duros combates com o Exército Vermelho,da então União Soviética.
Desde agosto de 1942,as águas brasileiras haviam se tornado definitivamente parte do conflito. Naquele mês,foi um ataque em série de outro U-boot,o U-507,que mudou a trajetória do Brasil: ele torpedeou seis navios mercantes brasileiros,provocando mais de 600 mortes em apenas três dias. A carnificina na costa do Nordeste provocou uma convulsão na opinião pública brasileira,em choque com as imagens dos mortos e feridos chegando aos portos e praias. A pressão popular,com intensos protestos nas ruas,levou o Governo de Getúlio Vargas finalmente a declarar guerra.
– Demorou um tempo até que os aliados entendessem com conseguir enfrentar a capacidade da guerra submarina alemã,que conseguiu fazer um estrago gigantesco - diz o professor Raul Coelho Barreto Neto.
Contudo,quase dois anos depois da série de torpedeamentos na costa do Nordeste,a libertação da França e a retomada das bases navais que estavam em poder da Alemanha nazista,bem como a presença dos aliados no Norte da África,foram fatores que impactaram fortemente a autonomia da frota da ditadura de Adolf Hitler,de acordo com Barreto Neto. Esse cenário,diz o historiador,fazia com que fosse considerada pequena a possibilidade de novas ações de U-boot na costa do Brasil,quando o Vital de Oliveira foi alvo do torpedo.
– Não se acreditava mais que um ataque fosse possível àquela altura. A atividade submarina dos alemães estava sensivelmente prejudicada.
Ao todo,o Brasil perdeu 35 navios ao longo da Segunda Guerra Mundial,chegando a mais de 1.400 mortes. Na Marinha do Brasil,além do Vital de Oliveira,foram a pique a corveta Camaquã,por conta de péssimas condições de mar,e o cruzador Bahia,num acidente operacional.