Reitor da UFF,Antonio Claudio Nóbrega,destaca que contenção de despesas mantiveram instituição funcionando — Foto: Divulgação/Ana da Mata
GERADO EM: 21/07/2024 - 09:00
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Após o fim da greve que atingiu todas as universidades e institutos federais do Brasil,no primeiro semestre deste ano,o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF),Antonio Claudio da Nóbrega,conversou com a equipe do GLOBO-Niterói e analisou os cenários desafiadores causados sobretudo pelo achatamento orçamentário verificado nos últimos anos. Ele também falou de saídas que consolidaram a ampliação do apoio à produção científica e à assistência estudantil. Abordou ainda questões sobre os investimentos na infraestrutura dos campus após o governo federal anunciar,no mês passado,um aporte bilionário ao setor,através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Em 2023,o orçamento aprovado foi de R$ 143,8 milhões. Como está essa situação hoje? Qual foi a verba repassada à UFF este ano?
Apesar da sinalização e dos esforços do governo federal em relação ao repasse orçamentário para as universidades,o valor disponibilizado em 2023 se mostrou insuficiente para a operação da universidade ao longo do ano. Nosso objetivo sempre foi o de preservar atividades essenciais,como assistência estudantil,ensino,pesquisa e extensão,além de assegurar o pagamento dos trabalhadores terceirizados. Este ano,o valor aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA) foi de R$ 177,5 milhões. Esse montante,embora ainda insuficiente,é um passo importante para seguirmos com nossas atividades e os planejamentos. No entanto,a situação ainda exige atenção constante.
A portaria lançada no ano passado,para fechar a torneira de gastos,surtiu o efeito esperado?
Conseguimos suavizar os impactos da limitação orçamentária,e as faturas dos meses de novembro e dezembro foram pagas este ano. Não temos qualquer dívida referente ao ano de 2023. O mais importante é que conseguimos manter ações essenciais,operando normalmente. Além disso,o pagamento dos trabalhadores terceirizados não sofreu qualquer atraso. Atualmente,todos os contratos das empresas terceirizadas estão preservados.
Durante a greve deflagrada este ano,as entidades que atuaram no movimento chegaram a afirmar que a UFF só teria verba para funcionar até setembro. Isso é verdade?
Esta foi a primeira estimativa,feita no começo do ano e apresentada ao Conselho Universitário. Imediatamente após essa reunião,implementamos estratégias para racionalização das despesas da universidade. Além disso,o governo federal destinou recursos adicionais,ainda que limitados,para as universidades federais,incluindo a UFF. Esses recursos foram essenciais para manter nossas atividades básicas e evitar interrupções.
Nesse período também aconteceram avanços institucionais,como a aprovação da cota trans e a promessa de ampliação de moradias universitárias. Como o senhor avalia esses pontos?
Em relação às cotas trans,a UFF tem sido proativa. Formamos um Grupo de Trabalho,que reúne representantes da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis,discentes e docentes,ampliando o debate sobre o tema. Também estamos trabalhando na criação de um vestibular indígena e quilombola,além de termos lançado um edital para um vestibular específico no curso de Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo. Somos destaques em ações de inclusão dos refugiados no Brasil,sendo apontados pela Cátedra da ONU,em relatório de 2021,como líder nacional em revalidações de diplomas de pessoas nessas condições. Temos também a reserva de pelo menos 20% das vagas para candidatos negros em concursos públicos para docentes. E temos ainda a reserva de 50% das bolsas para alunos ingressantes por políticas de ação afirmativa nos programas de extensão,pesquisa e monitoria.
Quais são os principais pontos que destacaria nesse ciclo à frente da universidade?
Conseguimos fortalecer significativamente a pesquisa e a inovação,o que se refletiu no aumento da captação de recursos e na produção científica de alto impacto,tanto em âmbito nacional quanto internacional. Investimos também na infraestrutura dos campus e na modernização dos laboratórios,bibliotecas e salas de aula. Além disso,ampliamos significativamente nossos programas de extensão,levando o conhecimento produzido na UFF para além dos muros da universidade. Essas ações reforçam nosso compromisso com a inclusão social,de transformar a sociedade através da educação pública e de qualidade.
O governo federal aprovou investimento nas instituições federais através do PAC. Qual será o valor recebido pela UFF e como será investido na universidade?
Foi destinado o montante de R$ 37,5 milhões. Internamente,esses investimentos incluirão a provisão de equipamentos de esporte e cultura,a melhoria das salas de aula,a construção e reforma de alojamentos,o transporte intercampus e a expansão dos restaurantes universitários em todas as unidades da UFF. Seguimos em diálogo constante com o MEC,buscando não apenas a liberação dos recursos já aprovados,mas também novos investimentos e apoio contínuo para a operação da universidade.