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‘Compensação cruzada’: entenda por que a Receita vai apertar o cerco contra fraudes tributárias

2024-08-15     HaiPress

Receita Federal tenta inibir fraudes de empresas — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 15/08/2024 - 04:01

Receita Federal combate fraudes tributárias

A Receita Federal intensifica fiscalização contra fraudes tributárias,como a compensação cruzada,visando recuperar até R$ 25 bilhões em arrecadação. Medidas incluem combate a uso irregular de créditos e programas de autorregularização. Governo espera compensar déficits e evitar perdas significativas. Ações visam fortalecer receitas e equilibrar as contas públicas.

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A Receita Federal iniciou uma força-tarefa para apertar a fiscalização contra fraudes de empresas que recorrem à chamada “compensação cruzada”,quando créditos de um tributo são usados para quitar o pagamento de outro. O órgão decidiu reforçar o grupo de auditores encarregados de checar a situação dos contribuintes que se valem desse expediente.

Estimativas da Fazenda mencionadas pelo ministro Fernando Haddad apontam que o uso indevido do recurso tributário pode chegar a R$ 25 bilhões — potencial de arrecadação com a “força-tarefa” da Receita.

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Hoje,a compensação cruzada é feita por meio de um sistema de autodeclaração. O contribuinte registra o quanto possui de créditos de PIS/Cofins e o quanto desse montante será usado para pagar outros tributos,como como Imposto de Renda,por exemplo. Posteriormente,as declarações são checadas pelo Fisco. A Fazenda vem detectando,porém,um volume muito grande de fraudes e,informalmente,vem dizendo que a situação é uma “sangria desatada”.

Esses créditos são decorrentes,por exemplo,de ações judiciais,ressarcimentos e cobrança não cumulativa de impostos. O objetivo é reduzir o uso de créditos considerados indevidos pelo Fisco,em especial a utilização de PIS/Cofins no abatimento de dívidas tributárias.

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O governo tentou fechar essa torneira ao editar uma medida provisória (MP) sobre o tema,em junho. A ideia era vedar a compensação cruzada de PIS/Cofins,mas houve forte reação de empresários e o Congresso decidiu devolver partes da MP,barrando a iniciativa da equipe econômica. A reclamação era de que o governo estaria tentando aumentar impostos ao proibir que um direito das empresas fosse utilizado.

Pagamento de imposto por compensação — Foto: Editoria de Arte

Valores maiores na mira

Diante da negativa do Congresso,a Receita organizou então uma espécie de esforço concentrado para ampliar a detecção das fraudes e fazer com que o uso irregular desses créditos seja apontado com mais velocidade.

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A ideia é mirar nos volumes mais elevados cadastrados no sistema e cortar o mal pela raiz: identificar o abuso antes que o recurso seja usado. Esse abuso,na visão da Receita,decorre de uma declaração a maior do que a empresa teria direito.

Uma medida proposta pela Fazenda mostra o tamanho do desafio. O governo conseguiu vedar o uso de créditos oriundos de decisões finais da Justiça para compensação de tributos. Por exemplo: quem ganhou uma ação contra o governo recebia esse valor via compensação e deixava de pagar outro tributo.

No primeiro semestre,os débitos compensados com valores relacionados a ações judiciais caíram 46,6% ante o mesmo período do ano passado.

Outros créditos,“brotaram do chão”,na avaliação de um interlocutor do governo. Aumentaram as compensações por “pagamento indevido ou a maior” (19,27%),de PIS/Cofins não cumulativos (9,78%),previdenciários (61,17%) e de saldos negativos (42,95%). No total,a queda de compensações tributárias de janeiro a junho deste ano é de 5,36%.

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A equipe econômica está disposta a gastar toda a munição que tiver para combater o uso indevido de compensações cruzadas. Essa é considerada uma das últimas etapas da estratégia de Haddad para recuperar receitas do orçamento. A ação soma-se a um conjunto de medidas adotadas para levar os devedores a ficarem em dia com o Fisco. São iniciativas de “autorregularização”,quando a Receita notifica o contribuinte,dá prazo para ele corrigir os problemas em vez de já multá-lo diretamente.

Nas contas da equipe econômica,somente neste ano,R$ 22 bilhões entraram nos cofres públicos a partir de medidas desse tipo,principalmente com a chamada subvenção do ICMS,quando as empresas se aproveitavam de créditos gerados pela desoneração estadual para pagar menos impostos federais.

A próxima iniciativa será relativa ao uso indevido do benefício vinculado ao Perse,programa emergencial de retomada do setor de serviços.

O programa de autorregularização será lançado nas próximas semanas e deve terminar até novembro. De janeiro a maio,o governo deixou de receber R$ 6 bilhões em impostos devido ao programa,conforme declaração das empresas beneficiadas. A estimativa é de que até o fim do ano o valor alcance ao menos R$ 13 bilhões. Metade pode estar ligada a fraudes. Em 2022,ao aprovar mudanças no programa,o Congresso limitou o Perse até 2026 ou o máximo de R$ 15 bilhões — o que ocorrer primeiro.

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O programa de autorregularização incidirá sobre os anos de 2022 e 2023 também,mas a equipe econômica prefere não dar uma estimativa de arrecadação,considerando que o contribuinte pode optar por não participar. Exatamente por isso não constaram nas projeções de orçamento receitas obtidas com essas iniciativas.

Frustração com Carf

O time de Haddad espera que esses programas possam compensar,a frustração inicial com recursos oriundos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a partir de mudança legislativa sobre o voto de desempate — que voltou a ser pró-governo.

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Com a alteração,o governo projetava acelerar pagamentos de dívidas e embolsar mais de R$ 50 bilhões em 2024. A projeção caiu para R$ 37,7 bilhões em julho,mas até então nenhum valor significativo entrou no caixa federal.

Atualmente,o governo projeta déficit primário (saldo negativo entre receitas e despesas,sem contas gastos com juros) de R$ 28,8 bilhões em 2024,já no limite inferior da meta fiscal deste ano.

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