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Após recorde no ano passado, internações de bebês por problemas respiratórios continuam em alta em 2024; veja cuidados e sinais de alerta

2024-08-20     HaiPress

Bebê no hospital. — Foto: Unsplash

RESUMO

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GERADO EM: 20/08/2024 - 04:30

Altas internações de bebês por problemas respiratórios em 2024: especialistas alertam sobre fatores de risco e cuidados preventivos.

Internações de bebês por problemas respiratórios seguem altas em 2024,acima dos níveis pré-pandemia. Especialistas destacam fatores como mudanças climáticas,baixa vacinação e circulação viral. Cuidados preventivos incluem vacinação,aleitamento materno e atenção a sinais de alerta,como dificuldade respiratória e febre persistente. Ações são essenciais para evitar complicações e garantir a saúde das crianças.

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Um levantamento do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância),iniciativa da Fiocruz e da Unifase,revelou que as internações por pneumonia,bronquite e bronquiolite de bebês com menos de um ano no Sistema Único de Saúde (SUS) bateram o recorde no ano passado com 153 mil registros,cerca de 419 por dia. Dados atualizados do Ministério da Saúde mostram que esse número permanece elevado em 2024,acima dos patamares pré-pandemia.

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Até junho,foram 71,5 mil hospitalizações,segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH) disponíveis pelo DataSUS. Caso a tendência seja mantida,o ano terminará com cerca de 143 mil registros,o segundo maior dos últimos 10 anos,atrás apenas de 2023. Em 2019,antes da crise sanitária,foram 127,5 mil. Os casos de pneumonia,bronquite e bronquiolite são complicações respiratórias geralmente decorrentes de infecções virais,como pela gripe,resfriados ou a própria Covid-19.

— A pandemia diminuiu temporariamente a circulação de outros vírus respiratórios. Quando aliviamos o distanciamento,eles voltaram. E para alguns deles ainda não temos total clareza se vão seguir o ritmo pré-pandemia,se vão persistir de forma um pouco mais prolongada ao longo do ano. São diversos aspectos que contribuem para essa tendência — avalia a pneumopediatra Magali Santos Lumertz,membro da Comissão Científica de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e professora da PUC-RS.

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A presidente do departamento de Doenças do Aparelho Respiratório da Sociedade Brasileira de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj),Patrícia Barreto,destaca ainda outros impactos ligados à crise sanitária da Covid-19 que favoreceram o crescimento significativo observado em 2023 e 2024.

— Tivemos condições que dificultaram a assistência de saúde tanto da gestante,como da mãe. Um exemplo é a queda mais significativa da cobertura vacinal durante a pandemia não só dos bebês,mas das gestantes. E muitas dessas vacinas são para indiretamente proteger o recém-nascido nos primeiros meses de vida. Quando isso não acontece,ele já nasce num ambiente de vulnerabilidade — diz.

A cobertura com a vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (DTpa),orientada após a 20ª semana da gestação e que protege contra difteria,tétano,coqueluche,chegou a ficar abaixo de 50% entre 2020 e 2022. Hoje está em 61,9%,considerada baixa.

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Mas não é apenas o impacto pós-pandemia que responde pela alta das doenças respiratórias,diz Patrícia,que é também pneumopediatra do Instituto Fernandes Figueira,da Fiocruz. Desde 2017,o número já começava a subir e continuou até 2020,quando caiu com as medidas de distanciamento social da pandemia.

— Além da baixa vacinação,há o efeito das mudanças climáticas,o mundo está ficando mais difícil de o ser humano sobreviver nele. As mudanças bruscas de umidade relativa do ar,a poluição ambiental,as micropartículas,as variações de temperatura,são pontos que favorecem a disseminação de doenças respiratórias e influenciam os mecanismos de defesa do corpo humano. As estações do ano mal definidas,por exemplo,impactam a distribuição desses agentes infecciosos e a sua sazonalidade — afirma.

Internações de bebês em alta no Brasil

Registros por doenças respiratórias abaixo de um ano bateram recorde em 2023,e seguem em alta em 2024

Fonte: * Até Junho / Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) / Dados referentes aos últimos seis meses são sujeitos a atualização / Acesso em 12/08/2024

Evelyn Santos,especialista em Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social pela Fiocruz e gerente de parcerias e novos projetos da organização de saúde pública Umane,explica que essas mudanças no comportamento dos vírus podem colocar a população em um risco ainda maior de agravamento por pegar sistemas de saúde desprevenidos:

— Sabemos da sazonalidade dessas internações ao longo do ano,mas isso se soma a outras epidemias que lotam os prontos-socorros,como a de dengue neste ano. Historicamente os hospitais e serviços de saúde conhecem o perfil da demanda dos atendimentos,mas quando temos um surto fora de época ou uma epidemia inesperada temos que redirecionar leitos,causando filas de espera,por exemplo.

Um dos grandes desafios para impedir que esse aumento continue é justamente recuperar as altas coberturas vacinais. Em queda desde 2015,elas tiveram uma retomada em 2022 e 2023,mas ainda assim nenhuma dose alcançou 90% do público-alvo no ano passado.

— Esse é um desafio constante. Temos vivido avanços,ano passado não tivemos casos de sarampo no país,mas precisamos conseguir bater as metas,que não são um valor administrativo,mas uma necessidade real para ser possível barrar o avanço de doenças — diz Santos.

Por que a criança é mais suscetível a infecções respiratórias?

Os mais suscetíveis às formas graves das doenças respiratórias são os mais novos. Um levantamento da Umane mostrou que as crianças de até 14 anos responderam por 55% dos casos de hospitalização em 2023. Somente considerando as infecções de ouvido,nariz e garganta,foram 67,5% dos registros.

Patrícia,da Soperj,explica que um dos motivos é a própria anatomia do sistema respiratório. — O pulmão e as vias aéreas são menores nos mais novos,assim como a capacidade de aumentar o seu trabalho respiratório. Quando temos uma pneumonia que se agrava,usamos mais os músculos para trabalhar a respiração,mas criança tem uma dificuldade porque isso ainda está em desenvolvimento — explica.

Outro fator é o sistema imunológico ainda em formação,diz Magali,da SBPT: — São pessoas que acabaram de chegar no mundo,foram pouco expostas a vírus e bactérias para desenvolver as defesas. Quando nascem,têm basicamente apenas os anticorpos da mãe,que são passados ao longo da gestação. Por isso,quanto menor a faixa etária,maior o risco de uma evolução mais grave.

Há ainda questões sociais que influenciam,como a proximidade maior que as crianças têm umas com as outras em ambientes de socialização,como salas de aula e locais de brincar. No caso dos bebês,que vivem uma fase em que o oral é muito exacerbado,é comum que levem tudo à boca,o que também aumenta o risco de contaminação.

Isso é especialmente importante durante a estação atual,o inverno,em que há uma circulação maior dos agentes infecciosos,lembra a pneumopediatra da SBPT: — Ainda estamos numa época de alerta,as crianças retomaram as aulas e ainda temos bastante circulação viral. E temos vírus que circulam mais na primavera também,que começa no fim de setembro,então também é importante ficar atento.

Nesse contexto,Patrícia cita os grupos de maior risco: — Aquelas que nasceram prematuras,com baixo peso,em situações de vulnerabilidade social,as cujos cuidadores e contatos intradomiciliares são tabagistas,as cuja mãe foi exposta ao tabaco ou drogas no geral,a criança que teve a vacinação negligenciada e bebês que vivem em locais com altas taxas de poluição ambiental.

No geral,Magali diz que a maior parte das crianças se recupera bem de uma internação por doença respiratória. Mas,como são muitas hospitalizações,“mesmo que o percentual de algum grau de sequela respiratória ou de óbito seja pequeno,o número final vai ser grande”,pondera.

Quais os cuidados necessários?

Para reduzir o risco de complicações por doenças respiratórias entre crianças,os cuidados devem começar ainda com a gestante,explica Magali:

— Temos visto muitos casos de coqueluche,e a vacina no bebê só começa aos dois meses,antes disso a proteção vem pela mãe quando ela se imuniza na gestação. E aqueles que cercam a criança também devem estar com a imunização em dia. A criança pode receber a primeira dose da gripe somente a partir dos 6 meses,mas até lá a família pode se vacinar para reduzir a chance de transmitir para ela.

Depois de nascer,Patrícia reforça que o aleitamento exclusivo até os seis meses do bebê,seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde,é primordial:

— É uma forma comprovadamente eficaz de gerar uma proteção contra as formas graves das doenças. E manter o acompanhamento médico regular com o pediatra,que é treinado para identificar precocemente qualquer fator de risco,também é muito importante.

Além disso,garantir uma alimentação adequada,uma rotina de atividade físicas,priorizar o contato com a natureza e evitar enviar os pequenos à escola quando estiverem doentes – tanto para proteger os outros,como para prevenir uma nova infecção – são outras medidas importantes.

Quais são os sinais de alerta?

Os principais sinais de alerta são os de dificuldade respiratória,explica Magali: — A respiração mais curtinha,mais ofegante. Os pequenos já respiram com uma frequência mais alta,mas se está além do usual ou com sinais de dificuldade,como gemência,a costela aparecer um pouco mais funda,retração no tórax ou na cervical do pescocinho,sinais de esforço respiratório. Se o rosto ou os lábios ficarem mais arroxeados,azulados,esse é um sinal ainda maior.

Em relação à febre,se for alta ou persistente,ou se a criança continuar prostrada entre uma febre e outra,é também caso de maior atenção. Patrícia acrescenta que outros sinais são se o pequeno estiver muito agitado ou muito sonolento,recusar o peito ou a comida e caso não consiga se hidratar,com diminuição da urina e da sudorese,e por vezes diarreia.

— São sinais de que aquela infecção respiratória inicial está evoluindo para um caso grave. Essa criança deve ser imediatamente levada a um serviço de emergência. Caso não precise ser hospitalizada,é importante que o cuidador seja informado sobre a necessidade de,em dois ou três dias,ela ser reavaliada. E,a qualquer momento,se apresentar uma piora,voltar ao serviço de saúde — complementa.

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