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Kamala promete governar 'para o país, acima do partido e de si mesma', ao aceitar indicação para disputar a Presidência

2024-08-23     HaiPress

Candidata democrata à Presidência dos EUA,Kamala Harris,durante discurso na Convenção Nacional Democrata — Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 23/08/2024 - 01:14

Kamala Harris aceita indicação e critica Trump: Estratégia para vitória nas eleições presidenciais.

Em convenção do Partido Democrata,Kamala Harris aceita indicação para Presidência dos EUA,destacando diferenças com Trump e prometendo governar para todos. Discurso emocionante inclui história pessoal e críticas ao republicano. Estratégia busca enfrentar desafios como custo de vida,direitos das mulheres e política externa. Ações e propostas visam conquistar eleitores e garantir vitória.

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No último ato de uma Convenção Nacional que consolidou uma "frente anti-Donald Trump" no Partido Democrata,a candidata à Presidência da sigla,traçou uma linha divisória entre ela e o republicano,o apresentando como uma ameaça à democracia e às liberdades individuais. A fala,que teve a mesma energia dos discursos de campanha,trouxe referências à sua história de vida,e destacou a promessa de governar "para todos os americanos",independente de origem ou partido.

— Em nome de americanos como as pessoas com quem cresci,pessoas que trabalham duro,perseguem seus sonhos e cuidam umas das outras. Em nome de todos cuja história só poderia ser escrita na maior nação da Terra,aceito sua indicação para Presidente dos Estados Unidos — disse Kamala Harris,cumprindo um protocolo das convenções: aceitar a indicação para concorrer ao posto. — EUA,nós não vamos retroceder.

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A vice-presidente iniciou o discurso agradecendo ao marido,Doug Emhoff,que estava na plateia,ao atual presidente Joe Biden,e ao seu candidato a vice,Tim Walz,que fez um elogiado discurso na véspéra. Também prestou uma homenagem à mãe,Shyamala,que morreu em 2009.

— Sinto falta dela todos os dias,especialmente agora. E sei que ela está olhando para baixo esta noite e sorrindo. Minha mãe tinha 19 anos quando cruzou o mundo sozinha,viajando da Índia para a Califórnia com um sonho inabalável de ser a cientista que curaria o câncer de mama — disse Kamala.

Democratas marcam o fim da Convenção Nacional do Partido com 100 mil balões no United Center,em Chicago — Foto: Andrew Harnik/Getty Images/AFP

Para Kamala,essa é uma das eleições "mais importantes" de todos os tempos para os EUA,e que seria um grande risco à democracia permitir que Donald Trump retorne à Casa Branca. Ela lembrou o ataque ao Capitólio,no dia 6 de janeiro de 2021,quando trumpistas radicais invadiram o local para tentar reverter,através da violência,a derrota do republicano para Joe Biden.

— Imaginem Donald Trump sem barreiras de proteção,e como ele usaria os imensos poderes da Presidência dos Estados Unidos. Não para melhorar sua vida,não para fortalecer nossa segurança nacional,mas para servir ao único cliente que ele já teve: ele mesmo — disse Kamala. — De muitas maneiras,Donald Trump é um homem pouco sério. Mas as consequências de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias.

Até o início de julho,como confirmaram assessores ao New York Times,o discurso de Kamala estava sendo moldado para ser o da indicação para,mais uma vez,ser companheira de chapa de Joe Biden. Mas a decisão do presidente de abandonar a disputa mudou a corrida: o pessimismo sobre a reeleição deu lugar ao entusiasmo dos apoiadores,a uma ampla coalizão e a um fluxo considerável de dinheiro. Segundo a agência Reuters,as doações,em um mês,chegaram a meio bilhão de dólares,mais de R$ 2,7 trilhões.

Mas Kamala sabia que ainda estava jogando,usando uma metáfora esportiva,ao lado de sua torcida,e que agora precisará dialogar com outros públicos,em terrenos por vezes hostis. Por isso,contou em detalhes sua história,desde a criação por sua mãe solteira,passando pelos anos de universidade,o trabalho como promotora na Califórnia,e a chegada ao Senado e à vice-presidência. De certa forma,uma apresentação formal aos EUA.

— Quando eu estava no Ensino Médio,comecei a notar algo sobre minha melhor amiga Wanda. Ela ficava triste na escola. E havia momentos em que ela não queria ir para casa. Então,um dia,perguntei se estava tudo bem. E ela me confidenciou que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto. E eu imediatamente disse a ela que ela tinha que ficar conosco. E ela ficou — disse Kamala. — Essa é uma das razões pelas quais me tornei promotora. Para proteger pessoas como Wanda.

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Criar laços com um eleitorado que,como mostram pesquisas,não a conhece tão bem pode ser uma das chaves para a vitória. Na véspera,em um curto porém eficaz discurso,conseguiu se apresentar como um homem de família,como um professor que era bem quisto por seus alunos,e como um governador que jamais esqueceu sua origem no Nebraska rural. Kamala fez algo parecido.

— Quero que saibam que prometo ser uma presidente para todos os americanos. Vocês sempre podem confiar em mim para colocar o país acima do partido e de si mesma. Para manter os princípios fundamentais sagrados dos EUA,do Estado de direito a eleições livres e justas,à transferência pacífica de poder — afirmou Kamala,ao apresentar um contraponto a Donald Trump.

Outro desafio,apontam analistas,é ser clara em suas propostas. O que fazer,por exemplo,para combater os elevados custos da alimentação,de tratamentos médicos e de moradia — pontos que estão sendo explorados por Trump —,como defender os direitos reprodutivos das mulheres e qual a visão dela para o futuro dos EUA. No discurso em Chicago,ela garantiu que os EUA "não retrocederão",e sugeriu que o republicano,caso vença,irá promover cortes em políticas sociais.

Kamala associou a Trump decisão da Suprema Corte,em 2022,que derrubou o direito constitucional ao aborto nos EUA,e disse que políticas defendidas por ele e seus aliados podem afetar terapias de fertilização in vitro,barrando os planos de milhões de famílias de terem filhos — em seus discursos,Walz sempre lembra que sua filha,Hope,só foi gerada graças a técnicas de inseminação artificial.

— Acredito que os EUA não pode ser verdadeiramente prósperos a menos que os americanos sejam totalmente capazes de tomar suas próprias decisões sobre suas próprias vidas — afirmou. — Mas hoje à noite,nos EUA,muitas mulheres não são capazes de tomar essas decisões. E sejamos claros sobre como chegamos aqui. Donald Trump escolheu a dedo membros da Suprema Corte dos Estados Unidos para tirar a liberdade reprodutiva. E agora ele se gaba disso.

No caso da economia,a vice-presidente anunciou que fará uma série de discursos e conversas ao redor do país para explicar seus planos,que preveem benefícios fiscais a famílias de classe média,incentivos para famílias com filhos e a construção de até três milhões de unidades habitacionais.

Em outro tópico que,hoje,é favorável a Trump,Kamala acusou o republicano de torpedear um acordo de proteção de fronteiras,discutido no Congresso desde o ano passado,por acreditar que o texto poderia "afetar negativamente sua campanha".

— Trump ordenou que seus aliados no Congresso enterrassem o acordo. Eu me recuso a fazer política com nossa segurança. E aqui está minha promessa a vocês: como presidente,trarei de volta o projeto de lei bipartidário de segurança de fronteira que ele matou e o sancionarei como lei — prometeu.

Sobre política externa,um tema que é delicado para os democratas na atual campanha,sinalizou que deve seguir as atuais linhas de Biden,mantendo o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia,e a Israel,ainda em meio ao conflito em Gaza — ao mesmo tempo em que defendeu o direito dos israelenses se defenderem,chamou a guerra no enclave de "devastadora",e reiterou a necessidade de um cessar-fogo. Por decisão das lideranças democratas,nenhum orador pró-Palestina discursou em Chicago,e houve protestos do lado de fora do United Center.

Protesto do lado de fora do United Center por um cessar-fogo em Gaza — Foto: John Moore/Getty Images/AFP

Ainda na diplomacia,Kamala reservou mais ataques a Trump: ela apontou que o republicano rasgou o acordo que limitava o programa nuclear do Irã,firmado por Barack Obama em 2015,em troca de sanções,um movimento ligado à atual instabilidade no Oriente Médio. Contudo,ela não mencionou que Biden deixou de cumprir uma promessa de campanha,a de retomar o texto caso fosse eleito em 2020. Ela ainda criticou a proximidade do republicano com ditadores.

— Não vou me aconchegar a ditadores como Kim Jong-un que estão torcendo por Trump. Eles sabem que Trump não responsabilizará os autocratas porque ele quer ser um autocrata ele mesmo — disse a candidata democrata.

Trump reagiu ao discurso em tempo real em sua rede social,o Truth Social,e abusou dos ataques pessoais contra Kamala — algo que lideranças republicanas veem com mais apreensão —,a chamando de "marxista radical". Em determinado momento,perguntou,em letras maiúsculas,se a candidata democrata estava mesmo falando sobre ele.

Publicação em conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump na rede Truth Social,na qual pergunta: "Ela está falando sobre mim?" — Foto: Reproduçao

Antes de Kamala,sua irmã,Maya,também louvou a hoje candidata à Casa Branca.

— Kamala sabe o que é ser o azarão e ainda assim vencer as probabilidades. E agora,ela criou tanta energia,tanto otimismo,tanta alegria por toda esta nação,e é por isso que precisamos de sua liderança neste momento histórico — declarou,em discurso,Maya Harris.— Eu queria tanto que a mamãe pudesse estar aqui esta noite. Eu posso vê-la sorrindo e dizendo o quão orgulhosa ela está de Kamala. E então,sem perder o ritmo,ela diria: "Já chega. Você tem trabalho para fazer".

Maya Harris,irmã de Kamala Harris,durante discurso na Convenção Nacional Democrata — Foto: Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A fala de Kamala serve como um ponto final até certo ponto apoteótico para uma Convenção que cerrou uma linha de frente contra os republicanos pouca vezes vista na história recente. Medalhões da sigla,como o ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton,que passaram o bastão para as novas gerações,até as alas progressistas,representadas pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez,se revezaram no palco para exaltar a vice-presidente.

— Juntos,Kamala e Tim [Walz,candidato a vice--presidente] mantiveram a fé na história central da América: uma história que diz que todos nós fomos criados iguais,que todos merecem uma chance e que,mesmo quando não concordamos uns com os outros,podemos encontrar uma maneira de viver uns com os outros — disse,na terça-feira,o ex-presidente Barack Obama. — Essa é a visão de Kamala. Essa é a visão de Tim. Essa é a visão do Partido Democrata. E nosso trabalho nas próximas 11 semanas é convencer o máximo de pessoas possível a votar nessa visão.

A reunião marcou ainda o início da despedida de um dos mais longevos políticos democratas,o presidente,Joe Biden,que abriu mão da reeleição em julho,e se lançou em apoio à sua vice na disputa pela Casa Branca. No discurso,na segunda-feira,ele afirmou que "deu o seu melhor",e que escolher Kamala para trabalhar ao seu lado '"foi a melhor decisão" que tomou na carreira.

— Nós estamos prontos para votar pela liberdade? Nós estamos prontos para votar pela democracia? — disse Biden,após ser recebido sob os mais fortes e duradouros aplausos da noite. — Nossos melhores dias não estão no passado,estão à nossa frente.

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