Bifungites aparecem no Brasil,Estados Unidos,Canadá,Índia e países africanos e europeus — Foto: Daniel Sedorko
GERADO EM: 24/08/2024 - 04:02
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Se você souber onde procurar,pode encontrar fósseis em forma de halteres em afloramentos rochosos ao redor do mundo: no Brasil,nos Estados Unidos,no Canadá,na Índia e em países africanos e europeus. Eles são chamados de Bifungites e não são animais fossilizados,mas buracos deixados pelo rastro de uma criatura extinta. A maioria é encontrada em rochas da era Paleozóica,há mais de 300 milhões de anos.
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Ninguém sabe o que fez esses buracos Bifungites,que são considerados fósseis de rastros,embora os cientistas tenham hipotetizado sobre o que poderiam ter sido. Daniel Sedorko,um paleontólogo de invertebrados do Museu Nacional do Brasil,estuda-os há mais de uma década e,durante uma expedição em junho de 2022,ele notou algo incomum.
Os buracos geralmente estão vazios porque as criaturas que os construíram eram invertebrados de corpo mole que frequentemente não fossilizam bem. Em rochas expostas no leito do Rio Sambito,no nordeste do Brasil,o Dr. Sedorko viu uma impressão de um pequeno verme dentro de um Bifungites. Em poucas horas,sua equipe encontrou outros sete buracos fossilizados com a mesma impressão de verme,indicando que esses organismos os produziram.
Os pesquisadores acreditam que esse é o primeiro registro revelando os invertebrados que fizeram esses Bifungites. Eles anunciaram sua descoberta na edição de setembro da revista Earth History and Biodiversity.
Carlos Neto de Carvalho,especialista em estudo de fósseis de rastros,ou icnologia,da Universidade de Lisboa e que não participou do trabalho,considerou a descoberta empolgante.
“Essa é a melhor evidência que você pode obter no registro de fósseis de rastros para identificar o produtor,” disse ele. Enfatizando a raridade da descoberta,o Dr. de Carvalho afirmou que “é mais comum encontrar uma nova espécie de dinossauro do que encontrar um produtor de um fóssil de rastros.”
Bifungites aparecem no Brasil,Índia e países africanos e europeus — Foto: Daniel Sedorko
As impressões encontradas pelo Dr. Sedorko e sua equipe sugerem que os vermes marinhos que fizeram os Bifungites pertenciam a um grupo chamado Annulitubus. Espécies desse grupo viviam na parte rasa do oceano,perto das costas dos supercontinentes pré-históricos,e cavavam buracos no fundo do mar. Os buracos geralmente têm uma forma invertida de pi ou de u,com a câmara horizontal em forma de haltere na base e um eixo vertical em cada extremidade subindo em direção ao fundo do oceano.
“É incomum ver a forma de u,” disse Andrew Rindsberg,um paleontólogo da Universidade do Oeste do Alabama e coautor do estudo. Com o tempo,as correntes de água erodem os buracos,e os eixos são os primeiros a desaparecer,mas ele acrescentou que a metade horizontal inferior pode permanecer preservada.
Os pesquisadores suspeitam que os vermes Annulitubus fizeram esses buracos para se proteger contra tempestades severas ou predadores invasivos. Os vermes possivelmente se enfiavam nos extremos bulging ou em forma de seta da câmara. “O animal estava tentando se fixar,” disse o Dr. Sedorko. “Mas é apenas uma hipótese.”
Ainda assim,como os vermes fossilizados permaneceram preservados nesses buracos por milhões de anos? A região experimentava tempestades frequentes,disse o Dr. Sedorko,cada uma depositando vários pés de sedimento que rapidamente cobriam os vermes. Com o tempo,seus corpos segmentados de corpo mole se decompuseram,mas suas impressões permaneceram preservadas na lama.
“É muito bonito,” disse o Dr. Sedorko,referindo-se às impressões dos vermes. A equipe espera que sua descoberta incentive icnólogos ao redor do mundo a ficar atentos aos produtores desses buracos fossilizados. Embora estejam certos de que vermes Annulitubus antigos produziram os Bifungites na parte do Brasil que estudaram,os pesquisadores não descartam a possibilidade de artrópodes estarem envolvidos na criação de tais buracos em outras regiões do mundo.
Encontrar essas preservações de animais,no entanto,“é sempre um momento de sorte,” disse o Dr. de Carvalho. “É como ganhar na loteria.”