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Seca deve fazer conta de luz subir a partir de setembro, com bandeira amarela

2024-08-26     HaiPress

Com queda do nível dos reservatórios,conta de luz terá bandeira amarela em setembro. Governo já trabalha para acionar térmicas e complementar oferta de energia — Foto: Custodio Coimbra

RESUMO

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GERADO EM: 26/08/2024 - 04:02

Seca aumenta conta de luz com bandeira amarela em setembro: desafios e soluções para a energia.

A seca levará a um aumento na conta de luz a partir de setembro com a bandeira amarela. A demanda por usinas térmicas nos horários de pico é um desafio,devido à instabilidade da energia solar e eólica. Medidas de mitigação incluem antecipação de recursos e programas de resposta à demanda. A expectativa é que o ano termine com bandeira verde,contando com chuvas em outubro. O Brasil enfrenta desafios na geração de energia intermitente e busca alternativas para garantir oferta a preços competitivos.

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A conta de luz dos brasileiros deve ficar mais cara a partir de setembro. O governo já está ciente de que a bandeira amarela na conta de luz deve ser acionada no mês que vem devido à queda no nível dos reservatórios com a seca em todo o país. Além do problema de curto prazo,deve começar a pesar mais para os consumidores os gastos com o acionamento de usinas térmicas para dar conta da demanda no horário de pico. E esta é uma segunda fatura,que será acertada no reajuste anual das distribuidoras de energia.

Em relação à bandeira amarela,uma taxa extra na conta de luz,a definição será feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na próxima sexta-feira. A expectativa é que seja acionada em setembro,mas que não dure muito se as chuvas prometidas para o início do período úmido,em outubro,se confirmarem. O custo adicional da bandeira amarela é de R$ 1,88 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) de energia usados. Em agosto,a bandeira é verde,sem custo extra na tarifa.

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Mas há outro movimento mais permanente que aumenta o custo de geração de energia no segundo semestre de cada ano,principalmente devido à mudança da matriz energética do país,com alta da participação da solar e eólica,que já responde por 31,4% da geração. Esse problema vem sendo enfrentado por outros países,mas tem ficado mais evidente no Brasil desde o ano passado e deve pesar no reajuste anual das distribuidoras em 2025.

Fontes intermitentes

— Foto: Editoria de Arte

As duas fontes de energia renovável,embora mais sustentáveis do ponto de vista ambiental,são intermitentes,ou seja,têm grande variação de oferta,porque são dependentes da luz do sol e do vento. No caso da solar,há uma queda brusca da geração de energia no início da noite — e nem sempre a eólica está disponível neste momento.

Por isso,em um período curto de tempo,outras fontes precisam compensar a geração solar e atender a demanda maior. Tipicamente,dada às características do Brasil,as hidrelétricas cumprem este papel,principalmente as do Norte,como Belo Monte,Jirau e Santo Antônio. Mas,na avaliação do governo,a ajuda que pode ser dada pela geração hidráulica já está no limite,principalmente nos períodos de seca,como o atual,em que os reservatórios ficam mais baixos e dificultam o funcionamento das hidrelétricas.

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Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS,que faz a gestão do sistema elétrico no país,que é quase totalmente interligado) mostram que entre 11h e pouco depois de meio-dia da última terça-feira,a geração solar colocou quase 30 mil megawatts (MW) no sistema. Pouco depois das 18h,essa geração estava abaixo de 100 MW — a média do consumo diário fica em 80 mil MW. O pico da demanda,acima de 91.000 MW,ocorre entre 18h e 19h,horário do tombo na geração solar.

A preocupação mais urgente é com a capacidade de geração de energia nos horários de pico em outubro,quando já está mais quente,o que aumenta o uso de ventiladores e ar-condicionado,mas as chuvas ainda não se consolidaram.

Prevenção a apagão

— Foto: Editoria de Arte

Para evitar o risco de “apagão” nos horários de pico,o ONS pediu ajuda ao governo para que todos os instrumentos estejam disponíveis,entre eles as térmicas,que são mais caras. Uma das propostas é a antecipação da operação da térmica da Neoenergia em Pernambuco,inicialmente prevista para 2026.

— Hoje,o ONS tem todos os recursos na mão. Pode ser que venham picos de preço,porque o ONS usa esse recurso para atender os consumidores. Tudo que eu não quero é chegar em casa e estar sem luz — diz o presidente da consultoria Thymos,João Carlos Mello.

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Ao contrário da última crise,em 2021,as usinas só são ligadas por cerca de seis horas em dias específicos,quando as hidrelétricas e as eólicas não conseguem compensar a queda brusca da geração solar no fim do dia. Há três anos,foram acionadas por seis meses ininterruptamente,já que a água dos reservatórios baixou para níveis mínimos.

— Não há um risco de faltar energia como em 2021 ou como no racionamento de 2001. Tem uma preocupação pontual para atender a demanda por energia nessas horas críticas — explica Diogo Lisboa,do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV.

O governo também tem avaliado outras medidas. Uma delas é o incentivo ao programa de resposta de demanda,quando o operador pede para grandes empresas consumidoras desligarem sua produção em determinado momento do dia para evitar estresse no sistema. Na avaliação de integrantes do Ministério de Minas e Energia,é preciso atuar nas duas pontas para conseguir administrar a situação,com a disponibilidade das térmicas e de grandes consumidores,como as indústrias.

Resposta da demanda

De acordo com a equipe do ministro Alexandre Silveira,o cenário “não é confortável”,porém não causa riscos ao sistema. É preciso fazer gestão de recursos,disse uma autoridade envolvida nos estudos. Levantamento do ONS em posse do governo demonstra uma coincidência de carga elevada e baixa geração nas usinas eólicas no fim da tarde e início da noite. Outra medida em estudo é a importação de energia da Argentina e do Uruguai.

Presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia e ex-diretor geral do ONS,Luiz Barata defende que o Brasil precisa avançar no programa de resposta da demanda,para não ficar tão dependente das térmicas,mais caras. Ele lembra que o deslocamento da produção de grandes consumidores de energia,como as indústrias,não é obrigatório,mas que tende a ser considerado vantajoso para não pagar mais pela energia.

— Precisamos buscar alternativas para aquelas pessoas que disputam se pagam a conta ou se compram comida. E os grandes consumidores só vão concordar em reduzir o consumo se não afetar o negócio.

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Segundo Lisboa,da FGV,o Brasil está bem posicionado para o desafio atual,mas precisa garantir a disponibilidade de energia a um preço competitivo e não uma “disponibilidade a qualquer preço”.

A cota extra em setembro está na conta de vários analistas de inflação,mas a expectativa é de que o ano se encerre com bandeira verde,contando com bom volume de chuva a partir de outubro ou novembro. Se as chuvas não vierem,o nível dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste podem começar a preocupar.

Para Desirée Brandt,sócia-executiva e meteorologista da Nottus,as chuvas devem se consolidar em outubro,o que deve dar conforto para o setor elétrico. O economista-chefe do Banco BMG,Flávio Serrano,vê risco de 25% de que o ano termine com bandeira amarela,com impacto de 0,09 ponto percentual no IPCA. Ele projeta 4,20% para o índice deste ano,abaixo do teto da meta,de 4,5%.

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