Equipes em combate a incêndio na rodovia estadual SP-215,em São Carlos,São Paulo,na sexta-feira (23) — Foto: Lourival Izaque / AFP
GERADO EM: 27/08/2024 - 03:31
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As quatro prisões feitas até segunda-feira de pessoas suspeitas de provocar incêndios em São Paulo e em Goiás não indicam haver uma ação coordenada,suspeita que foi levantada no fim de semana pela ministra do Meio Ambiente,Marina Silva. Embora as causas dos criminosos ainda não estejam claras,já se sabe que pelo menos um dos presos tem problemas psiquiátricos. Uma quinta pessoa foi detida,por ter ateado fogo em lixo residencial,mas foi liberada,por não ter sido constatada intenção criminosa.
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O incendiário com problemas psiquiátricos é Alessandro Arantes,de 42 anos,preso em Batatais,na região de Franca,no domingo. Arantes disse aos policiais ser integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC),o que foi descartado pelo promotor Lincoln Gakiya,que tem experiência em investigar a facção. No entanto,Arantes é usuário de drogas,morava na rua e foi preso por outros crimes,como roubo,furto,homicídio e posse de droga. Arantes gravou o crime no celular e permitiu que os policiais tivessem acesso ao conteúdo.
Também em Batatais,foi preso na segunda-feira em flagrante um homem de 27 anos suspeito de atear fogo em um pasto. Ele estava com serras,alicate,isqueiro e uma caixa de fósforos. O incêndio chegou a atingir a cerca e o quintal de uma residência. As chamas foram controladas e ninguém ficou ferido.
Na quinta-feira,Daniel Rodrigues Caires,de 26 anos,foi preso na zona rural de Barretos. Policiais avistaram incêndio de “grandes proporções” perto da área urbana e testemunhas disseram ter visto Caires ateando fogo “em vários pontos do canavial”. Foram encontrados com ele dois isqueiros.
No sábado,Lucas Vieira dos Santos foi preso em flagrante ateando fogo em um pasto no município de Bom Jardim (GO). Em depoimento,o suspeito admitiu que teria recebido R$ 300 para atear fogo em propriedades rurais,de um desafeto político de quem o contratou. No entanto,não deu mais detalhes.
O governo federal anunciou que há 31 inquéritos em curso na Polícia Federal para apurar a ocorrência de incêndios criminosos. Destes,29 são sobre queimadas no Pantanal e dois no interior de São Paulo. Mas o secretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente,André Lima,diz que investigações sobre queimadas costumam ser mais complexas do que as que apuram outros crimes ambientais:
— Comprovar a autoria de crime é muito difícil. O fogo se alastra e sai de uma propriedade para outra. Não dá pra gente sair abrindo inquérito a torto e direito porque a chance desse negócio dar um resultado é muito baixa.
Pelo menos doze fazendeiros no Pantanal entraram na mira do Ministério Público do Mato Grosso do Sul — eles são donos de áreas onde se iniciaram os focos de incêndio,em julho.
A PF apurou que um dos focos de incêndio no bioma foi causado por uma rixa de vizinhos. Outros casos não tiveram causas intencionais. Um deles teria ocorrido por causa de um erro na criação de abelhas: o manejo do inseto envolve o uso de fumaça,e o fogo teria se alastrado sem controle.