"Ainda que o túnel estivesse totalmente concluído,o que não se verifica,o seu traçado não permitiria uma ligação funcional à estação Casa da Música e,por inerência,às futuras linhas Rosa e Rubi",pode ler-se numa resposta de fonte oficial da Metro do Porto a questões da Lusa.
Em causa está um túnel planeado nos anos de 2004 e 2005 aquando dos planos para a construção da linha da Boavista do Metro do Porto (Casa da Música - Senhor de Matosinhos),que não chegou a ser construída.
"Esteve,de facto,prevista a existência de um túnel pedonal com o intuito de garantir a ligação entre a estação Casa da Música,o parque de estacionamento da Casa da Música e a linha da Boavista (que não chegou a ser construída)",confirma a Metro do Porto à Lusa.
A mesma fonte acrescenta que "foram realizados trabalhos -- designadamente de colocação de estacas e de construção da laje de cobertura (betonada sobre o terreno) do túnel,bem como desvios de redes -- de forma a viabilizar o referido túnel",mas "este não chegou a ser escavado e construído".
De acordo com um descritivo do projeto do gabinete de engenharia GEG,que o elaborou,pretendeu-se integrar o percurso "na Casa da Música e na Rua 5 de Outubro,por intermédio de acessos exteriores",num trajeto pedonal de 300 metros feito "por tapetes rolantes".
A solução planeada à data "consistiu numa cortina de estacas com 0,60 m de diâmetro afastadas de 0,80 m",uma estrutura de contenção "completa na fase de construção por uma laje de solidarização,que inclui vigas pré-esforçadas".
Em causa esteve "o projeto de inserção do Metro numa zona emblemática da cidade -- a Praça Mouzinho de Albuquerque,mais conhecida como rotunda da Boavista -- projeto que consiste numa intervenção urbanística de fundo,que implicou a reabilitação da via rodoviária,jardim e passeios,concebida pelos arquitetos Siza Vieira e Souto Moura".
A intervenção incluía "o planeamento urbano da zona envolvente,a reabilitação de um edifício com 500 m2 para um café e restaurante,um túnel pedonal e o consequente desvio de todas as infraestruturas (rede de águas pluviais e drenagem de águas residuais,eletricidade,telecomunicações e gás)".
A linha da Boavista,que à data custaria 90 milhões de euros,foi abandonada em 2008 e agora o percurso será feito por metrobus,um autocarro a hidrogénio que circulará em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com o automóvel na Avenida Marechal Gomes da Costa.
Além do túnel planeado na Boavista,a primeira fase do Metro do Porto levou também à construção de dois túneis no Hospital São João,que acabaram por ter outras finalidades.
"Foi construído um túnel,através do método Cut & Cover [trincheira],sob a rua Dr. Roberto Frias para o términus do Hospital de São João,sendo que,posteriormente,o mesmo poderia servir para a ligação da linha Hospital -- Maia. Porém,com a construção da estação na localização atual,não foi possível concretizar o términus conforme previsto",refere a Metro do Porto à Lusa.
O troço de túnel existente é atualmente usado para a passagem de cabos de ligação à SET (Sub-estação de Tração) na Areosa,sendo que "não esteve prevista uma estação subterrânea para este local,a estação esteve sim prevista a nascente,também à superfície,numa localização mais ao centro do hospital".
"Foi também iniciado (mas não concluído) outro túnel,em frente à entrada para as urgências,que serviria para entrada das ambulâncias no hospital,sob o canal de metro",aponta.
Questionada sobre se alguma destas infraestruturas poderá ser aproveitada numa futura expansão do Metro do Porto,fonte oficial da transportadora referiu que,"até ao presente,não está prevista a sua utilização em projetos futuros".