Muitas vezes,as estátuas antigas em exposição em museus ao redor do mundo perderam as cabeças — Foto: Charlotte de la Fuente/The New York Times
GERADO EM: 04/09/2024 - 04:01
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Estrelas de muitas exposições de arte ao redor do mundo,as estátuas romanas costumam ter uma peculiaridade: elas sempre estão um pouco quebradas. Muitas das vezes as estátuas são expostas sem a cabeça. Para onde elas foram?
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Segundo especialistas,embora não seja possível dar uma causa específica,pesquisadores levantam algumas hipóteses do porquê tantas estátuas romanas não têm as cabeças. Uma delas é de que o pescoço,por ser uma parte frágil do corpo,seria o primeiro a quebrar após anos de transporte e exposição,ou até por possíveis quedas.
Outro palpite leva em conta uma "decapitação" proposital que acontecia ainda durante o Império Romano: o ritual,conhecido como 'damnatio memoriae',consiste na destruição da estátua de imperadores impopulares após sua morte. A proposta era votada no senado para "condenar" a memória do governante. Caso a medida fosse aprovada,os romanos poderiam danificar os retratos e estátuas do imperador,além de apagar o nome dele dos registros e apreender seus bens.
Em entrevista ao portal LiveScience,a professora de clássicos e história da arte na City University of New York,Rachel Kousser usou o infame imperador Nero como um exemplo dessa prática. Segundo ela,muitos dos retratos de Nero foram danificados ou reestruturados ao longo da história.
Outro exemplo é de uma estátua de bronze do Imperador Augusto,datada de cerca de 25 a.C.. Segundo Kousser,ela foi decapitada por saqueadores no Egito,que enterraram a cabeça separada sob os degraus de um templo. Ela foi descoberta apenas no século XX e hoje está no Museu Britânico.
Outra possibilidade é de que alguns escultores romanos fizessem estátuas com cabeças removíveis,para que diferentes artistas pudessem trabalhar ao mesmo tempo,ou para poder utilizar materiais diferentes para o corpo e para o rosto.
O curador de antiguidades do Museu J. Paul Getty em Los Angeles,Kenneth Lapatin disse ao New York Times que "hoje há muito mais partes (cabeças sem corpo e corpos sem cabeça) do que estátuas completas. Isso fica claro em qualquer galeria de arte grega e romana".
Ao jornal,ele deu uma explicação mais moderna: contrabandistas cortam as cabeças das estátuas para criar não um,mas dois artefatos para vender.
Esculturas romanas podem ser vendidas por altos valores no mercado de antiguidades,e "negociantes de arte inescrupulosos descobriram que poderiam obter mais dinheiro vendendo dois artefatos em vez de um",ele afirmou ao LiveScience.
De tempos em tempos,uma estátua reencontra sua parte perdida. Foi o caso da "Statue of a Draped Woman" (Estátua da Mulher com Vestido,em inglês),do Museu Getty. Ela ficou mais de 50 anos exposta sem cabeça antes de ser encontrada por um comerciante em Nova York e comprada pelo Getty em 2016.
Estátua de uma Mulher com Vestido,160–190 d.C. — Foto: Museu J. Paul Getty
Os curadores afirmam que o torso deve ter sido separado da cabeça em algum momento do século XX. A estátua tem mais de 2 mil anos.