Mapa de satélites Starlink na Órbita Terrestre Baixa — Foto: Reprodução/Starlink Sattelite Tracker
GERADO EM: 04/09/2024 - 04:01
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O embate entre o bilionário Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) em torno da rede social X já afeta as contas da Starlink,marca da SpaceX que fornece internet via satélite. O problema é que caso as ordens da Corte não sejam cumpridas,a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não garante que conseguiria barrar a operação da Starlink no Brasil em caso de suspensão dos serviços por medida judicial ou mesmo cassação da outorga de operação.
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O serviço de internet já tem cerca de seis mil satélites em órbita,fornecendo conexão para mais de 200 mil usuários no país — incluindo tropas do Exército,escolas e hospitais em regiões remotas. O objetivo da empresa é justamente atender os que estão mais longe das redes terrestres de fibra óptica,fornecendo internet de alta velocidade e baixa latência para áreas remotas e rurais ao redor do mundo.
Starlink,empresa de Elon Musk — Foto: Odd Andersen/AFP
A empresa opera uma "constelação" de pequenos satélites em órbita terrestre baixa,a cerca de 340 a 1.200 km de altitude. Esta órbita é muito mais baixa do que os satélites tradicionais de comunicação geoestacionária,que orbitam a cerca de 36 mil km acima da Terra. Esses satélites formam uma rede em formato de malha,que cobre todo o globo.
E a grande vantagem da empresa de Musk sobre a concorrência está justamente nessa característica: Como estão mais próximos da superfície da Terra,conseguem reduzir significativamente a latência (o tempo que os dados levam para viajar entre o usuário e o servidor).
Como a internet Starlink chega aos clientes — Foto: Divulgação/Starlink
Para o usuário acessar a internet é necessário um terminal,uma pequena antena parabólica em formato retangular,e um smartphone ou computador com o aplicativo da empresa para fazer a configuração inicial. A antena é montada no solo e possui a capacidade de se auto ajustar para se conectar ao melhor satélite disponível,enviar e receber dados para fornecer acesso à internet.
Mas a conexão à rede mundial de computadores não vem do nada. Assim como a fibra óptica demanda milhares de quilômetros de cabos submarinos interligando os continentes,a internet por satélite demanda uma rede de estações terrestres,chamadas gateways. Essas centrais se comunicam com os satélites e retransmitem os dados para a internet pública.
Outro diferencial da empresa é a escala em que operam. A constelação de milhares de satélites permite que a Starlink ofereça maior capacidade de rede e consiga atender a um número maior de usuários simultaneamente. Provedores tradicionais de internet por satélite,que operam com um número limitado de satélites em órbita geoestacionária,ou concorrentes como a Oneweb,têm capacidade e escalabilidade limitadas.
A rápida expansão da constelação,com lançamentos frequentes de novos satélites pela SpaceX,também permite à Starlink aumentar sua cobertura e capacidade rapidamente em comparação com os concorrentes que dependem de um número limitado de satélites geoestacionários.
A rede de satélites também é capaz de usar conexão via laser entre os próprios satélites para transmitir dados de um satélite para outro,minimizando a necessidade de estações terrestres e aumentando a eficiência da rede. Isso permite que a Starlink ofereça velocidades de internet que variam de 50 Mbps a mais de 200 Mbps,dependendo da localização e condições.
Como qualquer tecnologia de satélite,a Starlink pode sofrer interferências e interrupções devido a condições meteorológicas adversas,como tempestades ou neve intensa. Além disso,embora a empresa de Musk tenha capacidade superior,a densidade de usuários em áreas específicas pode levar à saturação da rede e à diminuição da qualidade do serviço.
Gateway Starlink — Foto: Divulgação/Starlink
Já para a comunidade científica,a presença de milhares de satélites em órbita pode gerar preocupações com poluição espacial e interferência em observações astronômicas.
No Brasil,a Starlink tem 20 gateways para transmitir a conexão aos satélites. A empresa cobre hoje todo o território nacional,mas é mais usada em regiões remotas onde a internet de fibra ótica não está disponível,como na Amazônia. São mais de 200 mil pontos de acessos à internet em todo país,sendo que cada acesso é uma antena instalada que pode ter mais de um usuário.
— A gente tem instrumentos necessários para,se não barrar totalmente,prejudicar a operação e funcionalidade do serviço. Isso seria feito por meio de um processo de lacrar as estações terrenas no Brasil. Nós lacraríamos as estações para que elas não operassem mais. A operação poderia ficar muito prejudicada,se não ficasse totalmente inviabilizada — explicou ao GLOBO o conselheiro diretor Artur Coimbra de Oliveira.
Infográfico Starlink — Foto: Arte
A possibilidade de revogação da outorga da Starlink é hipotética,mas tem sido discutida diante da recusa da empresa em cumprir a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de suspender o acesso dos seus usuários à rede social X. Tanto a Starlink quanto o X possuem participação acionária do bilionário Elon Musk,que entrou em rota de colisão com o ministro nas redes.
Artur Coimbra de Oliveira explicou que,caso a empresa mantenha a recusa em cumprir a determinação,a Anatel pode abrir um procedimento por descumprimento de obrigações. Com isso,podem ser aplicadas algumas sanções,que vão desde advertência até a extinção da outorga da empresa.