Numa entrevista durante a conferência Energy 2024 (conduzida pelo subdiretor do jornal Eco,André Veríssimo),em Lisboa,o administrador da EDP foi questionado sobre se uma fusão entre EDP e EDP Renováveis está em cima da mesa,tendo recusado.
"Neste momento não",respondeu,explicando que houve reorganização interna e que atualmente o grupo "captura essa fusão de negócio".
Já sobre as preferências da EDP quanto às eleições presidenciais nos Estados Unidos,um mercado fundamental para o grupo,Pedro Vasconcelos adiantou que é conhecido que Donald Trump (candidato Republicano) é "contra esta lógica de transição energética" e que o setor precisa de estabilidade para atrair investimentos.
"É óbvio que alguém que suporte a transição energética,a descarbonização,está alinhado com os nossos valores",disse.
Pedro Vasconcelos afirmou ainda que movimentações em torno de maior protecionismo são sempre negativas para a transição energética e que pôr maiores barreiras a produtos da China é um problema se o objetivo é a reindustrialização da Europa.
"Somos claramente contra tarifas,claramente contra intervencionismo",vincou.
Afirmou ainda Pedro Vasconcelos que a EDP diverge de qualquer ideia que ponha a transição energética numa lógica mais protecionista a servir a reindustrialização económica,como parece indicar o 'relatório Draghi'.
Quanto aos preços da eletricidade em Portugal,Vasconcelos disse que eventuais subidas dependerão de fatores mais externos,como mercado europeu e 'commodities',mas considerou que o preço em Portugal está abaixo da média europeia e que isso deve ser aproveitado para atrair investimentos.
"Portugal tem uma janela de oportunidade única de reindustrialização,Portugal e Espanha,conseguem ter uma vantagem competitiva [no preço] e sinto que essa ficha não caiu ao nível dos nossos políticos",afirmou.
Segundo Vasconcelos,é a vantagem preço que levou a Amazon a decidir fazer um grande investimento em Aragão (Espanha).
"Podemos tornar a Península Ibérica um círculo virtuoso de reindustrialização. É absolutamente fundamental atrair novo investimento para consumo",afirmou.
Já noutro painel na mesma conferência,o administrador da Bondalti Luís Delgado afirmou que à indústria não interessa o preço da eletricidade no mercado mas o que paga na fatura,defendendo que a indústria precisa de ter previsibilidade sobre a evolução do custo da fatura para fazer mais investimentos.
"Não nos interessa o preço do mercado mas o que pagamos na fatura e aí a indústria precisa de um caminho previsível sobre o que vamos pagar na energia. Este é um tema muito crítico para nós,eletrointensivos",afirmou o responsável do grupo português que opera no setor da indústria química.