A avenida João Crisóstomo,em Lisboa,está colorida com bandeiras de todos os sindicatos da Frente Comum,promotora do protesto,erguidas por sindicalistas que entoam palavras de ordem como "É preciso investir para a saúde garantir","A saúde é um direito,não é um negócio" ou "A saúde é um direito sem ela,nada feito".
À frente da concentração,onde se destaca uma faixa com a inscrição "Defesa -- Reforço -- Investimento + SNS",está um palco por onde vão desfilando e intervindo representantes dos 30 sindicatos que integram a Frente Comum,que apelam a um SNS mais forte no ano em que assinala 45 anos,comemorados no domingo,e à defesa dos trabalhadores.
Presente no protesto,o coordenador da Frente Comum,Sebastião Santana,considerou,em declarações aos jornalistas,que "a maneira mais digna de se comemorarem" os 45 anos do Serviço Nacional de Saúde "é a luta,dado o ataque que tem vindo a sofrer ao longo das últimas décadas e de uma forma muito especial e muito aguda nestes últimos meses".
"Apesar de toda a propaganda,este Governo manteve o orçamento do Estado que havia para a saúde,que contempla 50% do seu orçamento para o setor privado",e continua uma política que "não garante o reforço dos meios humanos,materiais e financeiros do Serviço Nacional de Saúde".
Por outro lado,"dá um passo em frente na privatização dos cuidados primários de saúde" com a criação das unidades de saúde familiar modelo C pelo setor social ou entidades privadas,disse Sebastião Santana.
No seu entender,este projeto "é uma antecâmara da privatização dos cuidados primários de saúde".
Sebastião Santana realçou o facto de a concentração englobar todos os sindicatos,não só da Saúde,e contar com "a solidariedade" de comissões e movimentos de utentes em defesa do SNS.
Para o dirigente sindical,este aniversário terá que servir para assegurar "uma alteração de políticas na saúde,garantindo o reforço do serviço Nacional de Saúde" que,como ficou demonstrado na pandemia,"é o único garante do direito à saúde em Portugal".
Recordou que não há nenhuma classe profissional,neste momento no SNS,que tenha visto satisfeitas as suas reivindicações,exemplificando com os médicos,os enfermeiros,os técnicos de diagnóstico e terapêutica,e afirmou que "são dos mais mal pagos da Europa".
"É um serviço que se quer público e que desde o dia em que foi criado,faz domingo 45 anos,tem sido alvo de ataques e é isso que é preciso reverter. Há meios financeiros,haja vontade política",vincou Sebastião Santana.
O secretário-geral do PCP,Paulo Raimundo,fez questão de participar na concentração,uma presença que foi aplaudida pelos manifestantes,assim como o secretário-geral da CGTP-IN,Tiago Oliveira,reforçando o apoio à causa dos trabalhadores e do SNS.
Em declarações aos jornalistas,Paulo Raimundo afirmou que o SNS "é uma das mais extraordinárias criações do 25 de Abril" e defendeu a valorização dos seus profissionais.
"A bem do SNS,a bem dos utentes,a bem do país",os trabalhadores que põem o "SNS a funcionar" precisam de ser valorizados,respeitando desde logo as suas carreiras,as condições de trabalho e os seus salários.
Questionado se considera que o Orçamento do Estado para 2025 prevê melhorias no SNS,Paulo Raimundo afirmou que não,antes pelo contrário: "Se há coisa que este Governo tem demonstrado é uma grande capacidade de pegar em tudo o que é negativo do governo anterior e acelerar os processos,tivemos ainda a semana passada uma notícia do avançar,na prática,para a privatização dos centros de saúde".
Para o secretário-geral do PCP,o que se pode esperar é um "aperto das carreiras",nos salários,e "o aceleramento do caminho de desmantelamento do SNS".