Fumaça sai de floresta vizinha a Pirituba,zona norte de SP — Foto: Nelson Almeida/AFP
GERADO EM: 14/09/2024 - 03:30
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A detecção de focos de incêndio em capitais brasileiras aumentou 41% na última semana,aponta um levantamento feito pelo GLOBO com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na primeira semana de setembro,quando a crise de queimadas em todo o país começou a se acentuar,foram identificadas 2,9 mil em capitais,número que subiu para 4,1 mil na semana seguinte. Regiões metropolitanas que têm áreas verdes,como as de Rio e São Paulo,registraram ontem focos em morros e matas que ameaçaram áreas urbanas.
Mata em chamas: Incêndios florestais se intensificam e já atingem áreas urbanas de cidades como Rio e NiteróiEm São Paulo: Incêndio perto de posto de gasolina queima parte de mata até ser controladoSeca: Média de dias seguidos sem chuva sobe de 80 para cem em seis décadas,aponta Inpe
Nas duas principais cidades do país,foram detectados 26 focos de incêndios entre os dias 7 e 12 de setembro. Entre os dias 1º e 6 de setembro,foram nove,quase três vezes menos. O aumento do número de incêndios nas capitais é puxado pelas mais próximas à fronteira do desmatamento. Porto Velho e Cuiabá respondem por quase 6 mil focos no mês.
No Rio,o satélite NOAA-20,um dos mais modernos utilizados pelo Inpe na detecção de princípios de fogo,identificou 21 queimadas durante todo o mês. No Distrito Federal,houve 392 em setembro. Em Goiânia,foram 89.
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Até o fim da tarde de ontem,quando uma vegetação atrás do Morro Dona Marta,na Zona Sul,foi consumida pelas chamas,os bombeiros foram chamados para combater 64 focos de fogo no Rio neste mês. No Morro dos Tabajaras,a vegetação da parte voltadas para Copacabana e Botafogo também se incendiou ontem,assim como na Pedra da Gávea,no Alto da Boa Vista.
Fora dos morros,uma área de vegetação de acesso à Prainha e a Grumari,no Recreio dos Bandeirantes,também foi consumida por um incêndio. Foi preciso ainda combater o fogo em Vargem Grande,em Irajá e em Campo Grande. Moradores de Realengo usaram baldes para combater incêndios.
Em Niterói,um incêndio no Morro das Andorinhas,em Itaipu,assusta os moradores da Região Oceânica desde a noite de quarta-feira. O fogo chegou perto de algumas casas. Os bombeiros voltaram a ser chamados para combater focos em Itaipu ontem. Na Baixada,houve registros em Nova Iguaçu,Caxias,Mesquita e Japeri.
O fogo chegou à Região Metropolitana do Rio depois de devastar regiões verdes próximas. A 110 km da capital fluminense,o Monumento Natural Estadual da Serra da Beleza,em Valença,uma área de proteção ambiental com mais de 5 mil hectares,havia sido atingido por um incêndio de grandes proporções na quarta-feira. Parte da mata do Quilombo Santa Justina e Santa Izabel,em Mangaratiba,na Costa Verde,foi atingida por chamas.
O Estado do Rio teve na quinta-feira 460 focos,número recorde em 2024,o que levou o Corpo de Bombeiros a instaurar um gabinete de crise. Desde o início do ano,foram mais de 16 mil incêndios em matas,um aumento de mais de 90% no território fluminense em relação ao mesmo período de 2023.
— Mais de 95% desses incêndios florestais possuem causa humana,acidental ou proposital. É fundamental ficar atento a alguns cuidados. Primeiro,ao descartar as guimbas de cigarro próximos de estradas e em áreas verdes. Além disso,evitar fazer fogueiras,em acampamentos ou mesmo em locais próximos da residência. Jamais realizar queimadas,seja de lixo ou para abrir algum outro tipo de cultivo. Lembrar também que é crime soltar balões e não soltar os fogos de artifício — recomendou o porta-voz do Corpo de Bombeiros RJ,major Fábio Contreiras.
Em São Paulo,um incêndio iniciado perto de um posto de gasolina no bairro do Jaraguá,na Zona Norte,queimou parte de uma área de mata que faz parte do complexo da serra da Cantareira,vizinho da área urbana da cidade. No dia 1º,um incêndio em Osasco atingiu 100 moradias na Comunidade Santa Rita,mas sem fazer vítimas,segundo a Defesa Civil do Estado. Nesta semana,focos de fogo surgiram em outras comunidades da cidade da Região Metropolitana de São Paulo.
Ao mesmo tempo em que os incêndios começam a ameaçar mais diretamente,a Grande São Paulo registrou um recorde de poluição atmosférica,na série histórica iniciada na década de 1990 pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Das 25 estações de monitoramento da companhia na região metropolitana,20 registraram qualidade do ar ruim.
O ponto de maior concentração de partículas finas de poluição no estado é a capital,que tem sua produção própria de poluentes. Parte da fuligem deve ser removida com a chuva prevista entre amanhã e terça-feira.
No interior paulista,moradores de diversas regiões veem os impactos das queimadas baterem à porta de suas casas. Um trecho da Rodovia SP-225 precisou ser interditado ontem à tarde por conta de um incêndio na altura do quilômetro 223 em Pederneiras,no Centro-Oeste do estado. Também houve vias fechadas por conta da fumaça em Presidente Prudente,onde o fogo tem devastado uma área de vegetação nativa desde a semana passada.
Em Amparo,perto de Campinas,o fogo que persiste por três dias já ameaça casas de um bairro residencial vizinho a uma área de mata. As chamas também devastaram um terreno do próprio Inpe,que acompanha o surgimento dos incêndios,no Vale do Paraíba. O Programa Queimadas,do instituto,mostra que os focos de fogo mais numerosos na manhã de ontem no estado de São Paulo estavam nas regiões de Franca (nordeste do estado),Andradina (divisa com Mato Grosso do Sul),Ribeirão Preto,Bauru e São Carlos.