Caminhar é mais eficiente depois de vários minutos em movimento — Foto: Freepik
GERADO EM: 17/10/2024 - 04:30
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A ciência tem uma boa notícia para os adeptos da caminhada que desejam queimar mais calorias: em vez de caminhar lentamente do início ao fim,considere fazer paradas para descanso. O conselho surgiu de um estudo publicado recentemente na revista científica Proceedings of the Royal Society B com voluntários que foram submetidos a testes em laboratório para medir as demandas de oxigênio e energia de caminhadas curtas versus caminhadas mais longas.
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A equipe da Universidade de Milão,na Itália,decidiu realizar o estudo depois de perceber que muitas estimativas da energia necessária para caminhar se baseavam em dados de pessoas que se exercitavam em estado metabólico estável. Isso ocorre quando a frequência cardíaca é constante e a produção e o consumo de energia do corpo estão equilibrados,um estado comparado a um carro viajando em velocidade de cruzeiro.
Para saber mais sobre as necessidades energéticas para diferentes caminhadas,os cientistas recrutaram 10 voluntários saudáveis que foram monitorados enquanto se exercitavam numa escada rolante e numa esteira. Os exercícios cobriram três velocidades diferentes com pausas que duraram de 10 segundos a quatro minutos.
Durante as sessões de exercícios,os pesquisadores registraram quanto oxigênio cada pessoa consumiu e calcularam as demandas metabólicas para as diversas caminhadas. Os resultados mostraram que era necessária mais energia no início de cada caminhada,para avançar e aquecer o corpo,do que mais tarde no exercício,quando o corpo já estava se movendo e trabalhando com mais eficiência.
Por exemplo,caminhar ou subir escadas com pausas de 10 a 30 segundos exigia de 20 a 60% mais oxigênio,um indicador do consumo de energia,do que percorrer a mesma distância em uma sessão contínua,principalmente porque caminhar é mais eficiente após vários minutos em movimento.
“Quando caminhamos em períodos mais curtos,usamos mais energia e consumimos mais oxigênio para cobrir a mesma distância”,disse Francesco Luciano,pesquisador da Universidade de Milão e primeiro autor do estudo,ao The Guardian.
As medições dos participantes nos aparelhos de exercício também revelaram que nas fases iniciais de uma caminhada,as pessoas são menos eficientes na conversão de oxigênio e energia em movimento,mas isto melhora à medida que avançam.
O trabalho reforça o conhecimento dos benefícios para a saúde de caminhadas breves e de subir escadas,especialmente para pessoas que são em grande parte sedentárias,e pode explicar as melhorias no condicionamento físico que acompanham as populares “intervalos de exercício”,que envolvem pequenos períodos de atividade,muitas vezes com duração não superior a dois minutos cada.
O trabalho também ajudará na concepção de programas de reabilitação e aconselhamento sobre exercícios para pessoas com mobilidade limitada,como pessoas com obesidade e que tiveram acidentes vasculares cerebrais.
“Os pesquisadores geralmente medem as demandas de energia em sessões de caminhada que duram muitos minutos. Porém,muitas pessoas nem conseguem caminhar por tanto tempo. Pense em idosos ou pessoas com problemas de marcha”,diz Luciano,ao The Guardian.
“Se quisermos conceber programas para promover a atividade física ou o exercício para estas pessoas,precisamos repensar a forma de estimar as suas necessidades energéticas e de nos adaptarmos. Compreender as exigências energéticas de curtas caminhadas pode nos ajudar a promover a atividade física de uma forma mais inclusiva",conclui.