Amanhecer do quarto dia de apagão em Havana,em 21 de outubro. A eletricidade foi restaurada em metade da capital — Foto: YAMIL LAGE / AFP
GERADO EM: 22/10/2024 - 00:25
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Seis pessoas morreram na passagem do furacão Oscar por Cuba,onde a maioria da população continuava sem luz na quarta noite de apagão nacional,anunciou o governo da ilha nessa segunda-feira.
Cuba sofre apagão generalizado após falha em sua principal usina termoelétrica
Convertido em tempestade tropical,Oscar afastou-se do país deixando graves danos materiais,enquanto o restabelecimento do serviço de energia atingia apenas 36% dos seus 10 milhões de habitantes.
"Infelizmente,segundo informação preliminar,houve perda de seis vidas humanas no município de San Antonio del Sur",disse o presidente Miguel Díaz-Canel,acrescentando que as Forças Armadas lideravam o resgate na área de desastre nos municípios de San Antonio del Sur e Imías,"onde ainda há áreas inacessíveis".
Os trabalhos de recuperação avançam,enquanto a tempestade "deixa o território cubano e se localiza nos mares ao norte da província de Holguín",segundo o boletim mais recente do Instituto de Meteorologia.
O fenômeno natural,que entrou como furacão de categoria 1 na cidade de Baracoa,causou a perda total ou parcial de residências. Os ventos fortes arrancaram telhados e paredes de casas,e derrubaram postes e árvores,segundo a TV oficial,que não exibiu imagens.
Em meio à emergência energética,Díaz-Canel anunciou o restabelecimento de 36% do serviço. Em Havana,quase todos os 2 milhões de habitantes voltaram a ter energia elétrica.
Moradores da capital respiravam aliviados: - Claro que estou feliz,preciso que haja energia,que tudo se restabeleça,porque tenho uma mãe idosa de 85 anos e um filho autista - disse Olga Gómez,uma dona de casa de 59 anos que vive na parte antiga da cidade. - Estamos tendo muito trabalho sem luz com os alimentos,com tudo - acrescentou.
Declarada pelo governo em "emergência energética",Cuba sofreu na última sexta-feira o desligamento total do seu sistema elétrico,após o colapso da central termelétrica Antonio Guiteras,a mais importante do país.
Autoridades haviam prometido restabelecer o serviço na noite dessa segunda-feira para a grande maioria da população da ilha.
Díaz-Canel reconheceu que a situação do sistema elétrico continua "complexa". O apagão provocou panelaços e protestos em alguns bairros da capital no fim de semana.
Aqueles que tentarem "causar perturbações da ordem pública" e que participarem em atos de vandalismo "serão processados conforme o rigor contemplado pelas leis revolucionárias",disse o presidente,vestido com um uniforme militar verde,durante uma reunião do Conselho de Defesa Nacional,transmitida pela TV estatal.
Houve protestos contra o apagão em alguns bairros da capital,onde muitos também ficaram sem água ou gás em consequência do corte de energia.
Cubanos fazem panelaço para exigir a volta do fornecimento de energia elétrica,durante a terceira noite de um apagão nacional em Havana — Foto: YAMIL LAGE / AFP
Dezenas de pessoas,incluindo mulheres com crianças nos braços,saíram no escuro com panelas para se manifestarem no populoso bairro de Santos Suárez. "Acendam a luz",gritavam.
Durante a noite,foi possível observar uma forte presença policial nas ruas da capital,enquanto muitas pessoas reclamavam do corte no serviço de dados em seus celulares.
Na ilha,a eletricidade é gerada através de oito centrais termelétricas desgastadas e dependentes de combustível,que em alguns casos avariaram ou estão em manutenção,além de várias centrais flutuantes - que o governo aluga a empresas turcas - e grupos geradores.
Com escassez de alimentos,medicamentos,inflação disparada e apagões crônicos que limitam o desenvolvimento de atividades produtivas,Cuba enfrenta sua pior crise econômica em três décadas.