Pequena turista caminha nas pedras do leito do Rio Negro,na altura da comunidade de Madadá,no Amazonas,que reapareceram após período de seca extrema na região — Foto: Ruy Tone / Acervo pessoal
GERADO EM: 30/10/2024 - 09:15
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A área de superfície terrestre afetada por secas extremas triplicou desde os anos 1980,de acordo com um novo relatório sobre os impactos das mudanças climáticas. Segundo o jornal inglês BBC,48% da superfície terrestre enfrentou pelo menos um mês de seca extrema no ano passado,de acordo com análise do Lancet Countdown on Health and Climate Change — um aumento em relação à média de 15% nos anos 1980.
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Quase um terço do planeta — 30% — enfrentou seca extrema por três meses ou mais em 2023. Nos anos 1980,a média era de 5%. O estudo traz dados globais mais recentes sobre a seca,destacando a rapidez com que o problema está se intensificando.
O limite para a seca extrema é alcançado após seis meses de chuvas muito baixas ou níveis elevados de evaporação em plantas e solo. Esse fenômeno representa uma ameaça imediata para o abastecimento de água,saneamento,segurança alimentar,saúde pública,além de impactar o fornecimento de energia,redes de transporte e a economia.
As causas de secas específicas são complexas,pois vários fatores influenciam a disponibilidade de água,desde eventos climáticos naturais até o uso da terra pelos seres humanos. No entanto,as mudanças climáticas vêm alterando os padrões globais de precipitação,tornando algumas regiões mais suscetíveis à seca.
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A seca severa tem impactado plantações de café no Brasil — Foto: Tuane Fernandes / Bloomberg
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A seca severa tem impactado plantações de café no Brasil — Foto: Tuane Fernandes / Bloomberg
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Vegetação seca no Aterro do Flamengo — Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
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Incêndios florestais atingem áreas rurais de Brasília,a seca agrava a situação — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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Seca do rio Xingu prejudica a produção de energia da usina de Belo Monte,em Altamira — Foto: Divulgação/Norte Energia
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Uma árvore seca na Enseada de Botafogo — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo/Arquivo
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Moradores coletam água potável ao lado de banco de areia no rio Madeira,no estado do Amazonas,que sofre com os efeitos da seca — Foto: Michael Dantas / AFP
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Margem do Rio Paraguai,principal rio do Pantanal,que vive seca histórica e apresenta nível baixo no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Com nível baixo,Rio Paraguai enfrenta seca histórica na cidade de Corumbá,no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Seca no Mato Grosso: trecho entre Cuiabá e Cáceres,às margens da BR-070 — Foto: Alexandre Cassiano
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Seca no Médio Solimões faz jacarés se amontoarem onde ainda existe água — Foto: Marcela do Carmo Moraes
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Pessoas caminham sob a areia quente de bancos de areia no leito do Rio Madeira para buscar água em meio à seca mais severa em quase 60 anos — Foto: Michael Dantas/AFP
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Esta fotografia mostra os restos de uma casa que reapareceu quando o nível do lago artificial Mornos baixou após uma seca,perto da aldeia de Lidoriki,cerca de 240 km a noroeste de Atenas,no dia 1 de setembro — Foto: ANGELOS TZORTZINIS - AFP
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Uma central hidroelétrica no Lago Alajuela,perto do Canal do Panamá — Foto: Federico Rios/The New York Times
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Navios atravessam o Canal do Panamá: a água do lago flui através das eclusas do canal que funcionam como escadas,puxando os navios através do canal — Foto: Federico Rios/The New York Times
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Ilha do Amor,que só costuma aparecer no leito do Tapajós em agosto,durante a seca,já está visível — Foto: Caetano Scannavino / Divulgação
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'Seca na Amazônia',foto do brasileiro Lalo Almeida,clicada em um leito seco de um braço do Rio Amazonas — Foto: Lalo Almeida
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Vista aérea mostra peixes mortos devido à seca na Lagoa Bustillos,perto de Anahuac — Foto: ALEX ARZAGA/AFP
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Vestígios da cidade centenária de Pantabangan ressurgiram no norte das Filipinas após o nível da água da barragem baixar em meio a uma seca que assola muitas partes do país — Foto: JAM STA ROSA / AFP
ONU alertou que ciclo mundial da água está se tornando cada vez mais incerto
O aumento das secas tem sido especialmente severo na América do Sul,no Oriente Médio e no Chifre da África. Na Amazônia sul-americana,a seca ameaça modificar os padrões climáticos. Ela mata árvores que desempenham um papel crucial na formação de nuvens de chuva,perturbando ciclos de chuva delicadamente equilibrados e criando um ciclo de retroalimentação que intensifica ainda mais as secas.
Nos últimos 10 anos,61% do mundo registrou aumento de chuvas extremas em relação à média de 1961-1990,enquanto vastas áreas terrestres também sofrem com a seca. A relação entre secas,inundações e aquecimento global é complexa: o calor aumenta a evaporação do solo,intensificando períodos secos,enquanto o aquecimento dos oceanos eleva a evaporação,o que,combinado ao ar mais quente,gera chuvas mais intensas.
A análise da Lancet Countdown indica que os efeitos das mudanças climáticas na saúde estão em níveis recordes,com a seca expondo 151 milhões de pessoas à insegurança alimentar,elevando a desnutrição. As mortes relacionadas ao calor para idosos aumentaram 167% em comparação à década de 1990,enquanto doenças transmitidas por mosquitos,como dengue e malária,se expandiram para novas regiões. Além disso,o aumento das tempestades de poeira expôs milhões à poluição do ar.
"O clima está mudando rapidamente",afirma Marina Romanello,diretora-executiva da Lancet Countdown,destacando que as condições estão se tornando desafiadoras para os sistemas atuais. Em algumas das regiões mais quentes do mundo,como o nordeste da Síria e partes do Iraque,a seca extrema e as chuvas intensas desde 2020 têm dificultado ainda mais o acesso à água.
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Vista aérea de incêndio de grande proporção no Parque Nacional de Brasília,em setembro de 2024 — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Incêndio de grande proporção toma conta do Parque Nacional de Brasília em setembro de 2024 — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Exército e Corpo de Bombeiros trabalham no combate ao fogo no Parque Nacional de Brasília em setembro de 2024 — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Fumaça de incêndios florestais de grande proporção cobrem o horizonte do Parque Nacional de Brasília em setembro de 2024 — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Peão toca o gado na BR 163 (Transgarimpeira),onde a fumaça das queimadas toma conta da paisagem — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Seca no Mato Grosso: gado em pasto na BR-070,no trecho entre Cuiabá e Cáceres — Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
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Seca no Mato Grosso: trecho entre Cuiabá e Cáceres,às margens da BR-070 — Foto: Alexandre Cassiano
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Trecho de terreno agrícola atingido pelo fogo dos incêndios florestais em Ribeirão Preto — Foto: Victor Moriyama / Bloomberg
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Trabalhador rural observa terreno após incêndios florestais em Ribeirão Preto — Foto: Victor Moriyama / Bloomberg
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Vista aérea de incêndio florestal próximo ao bairro de Pirituba,em São Paulo,em 13 de setembro de 2024 — Foto: Nelson ALMEIDA / AFP
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Fumaça de incêndio florestal próximo ao bairro de Pirituba,em São Paulo — Foto: Nelson ALMEIDA / AFP
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Margem do Rio Paraguai,que vive seca histórica e apresenta nível baixo no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Rio Paraguai,vive seca histórica. Na foto,banco de areia no município de Corumbá,no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Com nível baixo,no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Fogo na vegetação à margem do Rio Paraguai,em Corumbá,no Mato Grosso do Sul — Foto: Márcia Foletto
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Queimada no Pantanal registrada entre Bonito e Corumbá,no Mato Grosso — Foto: Márcia Foletto
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Vista aérea do leito do Rio Madeira,na comunidade de Paraizinho,em Humaitá,que sofre com a seca na região — Foto: Michael Dantas / AFP
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Moradores coletam água potável ao lado de banco de areia no Rio Madeira,que sofre com os efeitos da seca — Foto: Michael Dantas / AFP
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Ciclista passeia por Brasília em dia encoberto por fumaça na região — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Lago Paranoá encoberto por fumaça em Brasília — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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O céu do fim de tarde em São Paulo coberto de fumaça oriunda de queimadas na Amazônia — Foto: Edilson Dantas/Agência O GLOBO
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Névoa de poluição cobre a cidade de São Paulo,que tem pior qualidade do ar do mundo — Foto: Edilson Dantas
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Visto do Mirante Dona Marta,o céu da capital carioca amanheceu encoberto pela fumaça na quinta-feira (5) — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Na quinta-feira (5/09),já era possível observar o nevoeiro decorrente da fumaça no Rio de Janeiro — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Publicidade O desequilíbrio ambiental no país documentado por fotojornalistas
Nos últimos anos,a cidade de Hasakah,com um milhão de habitantes,enfrenta uma grave escassez de água limpa. Segundo Osman Gaddo,chefe de testes de água da cidade,o Rio Khabor secou devido à falta de chuvas,deixando a população sem água doce. Sem acesso,muitos recorrem a poços improvisados,mas a água subterrânea está contaminada,causando doenças.
A água potável vem de poços a 25 km,mas eles também estão secando,e o combustível para bombeá-la é limitado. Como resultado,roupas não são lavadas,e a falta de higiene contribui para surtos de doenças de pele e diarreia. "As pessoas estão desesperadas por água",disse um morador.
No Sudão do Sul,a seca e as enchentes devastaram o país. Em 2023,77% da população enfrentou pelo menos um mês de seca,enquanto inundações afetaram mais de 700 mil pessoas. Nyakuma,um ancião da aldeia,contraiu malária duas vezes e perdeu todo o gado devido a enchentes,sobrevivendo agora com a ajuda do governo. Seu marido,Sunday,se alimenta de raízes de nenúfar devido à falta de alimentos nutritivos.
A seca severa endurece o solo,e,quando chove intensamente,as enchentes são ainda piores. Esse ciclo destrói a vegetação e ameaça a segurança alimentar. Marina Romanello,da Lancet Countdown,alerta que,sem a redução das emissões de gases do efeito estufa,mais secas e enchentes extremas são inevitáveis. "Ainda podemos nos adaptar",diz ela,"mas,se a temperatura continuar subindo,o impacto será cada vez mais difícil de controlar."