Reprodução simulada da morte de Anic de Almeida Peixoto Herdy,em Petrópolis. O réu confesso Lourival Fatica participou da simulação feita pela Polícia Civil. Inicialmente os agentes estiveram no centro,onde Lourival encontrou Anic . — Foto: Gabriel de Paiva/ Agência O Globo
GERADO EM: 13/11/2024 - 21:31
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A Promotoria de Investigação Penal de Petrópolis apresentou um aditamento ao juízo da 2ª Vara Criminal de Petrópolis,no último dia 12 de novembro,denunciando o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica,a filha dele Maria Luiza Vieira Fadiga,o filho Henrique Vieira Fadiga e a amante Rebecca Azevedo dos Santos por crimes de homicídio triplamente qualificado,extorsão e ocultação de cadáver,em relação à morte da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy,de 55 anos. A vítima foi vista com vida pela última vez no dia 29 de fevereiro de 2024,ao sair a pé de um shopping,em Petrópolis,na Região Serrana.
Caso Anic: relatório de investigação diz que acusado lavou dinheiro de resgate comprando cigarros eletrônicosO crime: relembre em ilustrações como advogada desapareceu,e corpo foi concretado na casa do assassino
No dia 15 de agosto de 2024,o Ministério Público do Rio de Janeiro MPRJ) havia feito um primeiro aditamento incluindo os quatro denunciados em crimes de extorsão mediante sequestro seguida de homicídio. Caso o novo documento com tipificação atual dos crimes seja aceito pelo juízo da 2ª Vara Criminal,o quarteto,na prática,estaria livre de ser sentenciado diretamente por um juiz. Com a mudança da denúncia,caso pronunciados,eles serão julgados pelo Tribunal do Júri e uma condenação ou absolvição dependeria do corpo de jurados.
No novo aditamento,o MPRJ diz,entre outras coisas,que Maria Luíza,não agiu apenas emprestando o seu nome para o pai para aquisição de bens com o produto do crime,entre eles 950 celulares comprados no Paraguai. Segundo a denúncia,há prova nos autos dando conta que a filha do técnico de informática tinha ciência e contribuiu para a execução da extorsão e do homicídio,planejado e idealizado pelo pai. Henrique,irmão de Maria Luíza é apontado como responsável pela aquisição e recebimento de parte dos dólares adquiridos para pagamento do resgate,estipulado por Lourival num valor total de R$ 4,6 milhões. O dinheiro foi entregue,mas Anic nunca mais retornou para casa.
Já Rebecca é responsabilizada,por dar continuidade às atividades ilícitas de Lourival enquanto ele se encontrava preso,além de ocultar as provas do crime. De acordo com o MPRJ,uma análise da conta reversa de um dos telefones do técnico de informática,revela a existência de inúmeras ligações telefônicas entre todos ele e outros três denunciados em dias determinantes para execução do crime,ou seja,no dia 29 de fevereiro,quando ela desapareceu e no dia 11 de março de 2024,data em que a última parte do pagamento do resgate foi feito.
De acordo com investigação da 105ªDP (Petrópolis),no dia do desaparecimento de Anic,Lourival fez dez ligações de celular para a filha Maria Luíza. Na referida data,o acusado fez a mesma quantidade de ligações para o filho Henrique. Já para Rebecca,ele teria telefonado 17 vezes naquele mesmo dia.
Ainda segundo o aditamento,durante a reconstituição (reprodução simulada) dos fatos,realizada em 23 de outubro de 2024,constatou-se ser muito provável a participação de pelo menos mais uma pessoa na ocultação do corpo de Anic. Isso porque foi demonstrado ser fisicamente inviável que Lourival executasse sozinho toda a ação de ocultação e concretagem do cadáver.
Anic sumiu ao sair a pé de um shopping,no dia 29 de fevereiro de 2024,na Região Serrana. Segundo a polícia,ela teria entrado num carro dirigido por Lourival. O casal foi até um motel,em Itaipava. Lá,segundo confissão do técnico de informática,ele matou a vítima.
O corpo de Anic foi encontrado horas após Lourival confessar o crime na 2ª Vara Criminal de Petrópolis,no dia 25 de setembro último. Na ocasião,ele contou ter concretado o cadáver da vítima na sapata da garagem da casa onde morava,em Teresópolis. Com a recuperação dos restos mortais,o resultado de um exame de necrópsia concluiu que a advogada morreu por asfixia mecânica,causada por estrangulamento no pescoço. O meio utilizado para a execução do crime,segundo o MPRJ,foi uma abraçadeira (fitilho plástico),popularmente conhecida como "enforca-gato",utilizado para lacrar embalagens e malotes.