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MP pede que Pulgar preste depoimento à Justiça sobre 'casa de vidro' na Barra, alugada de Bernardo Bello

2024-12-18     IDOPRESS

Mansão de Bernardo Bello é alugada por Pulgar,na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 17/12/2024 - 23:15

Ministério Público investiga aluguel de casa por jogador de futebol

Ministério Público pede depoimento de Eric Pulgar sobre aluguel de casa vinculada a lavagem de dinheiro. Tamara Harouche,envolvida no caso,locou o imóvel ao jogador. Pagamentos em espécie levantam suspeitas. Bello,foragido,é investigado por atividades criminosas.

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O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco/MPRJ) pediu à Justiça que o jogador do Flamengo,o chileno Eric Pulgar,seja ouvido como testemunha no processo em que o bicheiro Bernardo Bello é investigado por lavagem de dinheiro. Ex-mulher de Bello,a veterinária Tamara Harouche Garcia,filha do também contraventor Waldemir Paes Garcia,conhecido como Maninho e morto em 2014,também é alvo no mesmo caso.

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Como Bello está foragido,coube a Tamara alugar o imóvel do casal,localizado na Barra da Tijuca,ao volante do Flamengo por R$ 70 mil mensais. No entanto,a casa não poderia ser vendida nem locada,pois a Justiça decretou o sequestro judicial da propriedade,por ser um bem foi adquirido com recursos provenientes de atividades criminosas como o jogo do bicho e a exploração das máquinas caça-níqueis,conforme apontado pelo MPRJ.

Mansão de Bernardo Bello,na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução

A 1ª Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado da Comarca da Capital aceitou a denúncia contra Tamara pelo crime de lavagem de dinheiro,a pedido do Gaeco. Segundo a denúncia,Tamara negociou o aluguel do imóvel,locado entre setembro de 2023 e março de 2024,mesmo estando o bem indisponível conforme determinação da Justiça. Além disso,embora o contrato indicasse que o valor seria depositado em conta bancária,ela exigiu o pagamento em dinheiro vivo.

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Outro ponto que chamou a atenção dos promotores foi a ausência de um local fixo para os pagamentos,que eram realizados em vias públicas,e não em um escritório. De acordo com a denúncia,Tamara recebia os valores em espécie por meio de um intermediário,que trabalharia na imobiliária.

O bicheiro Bernardo Bello em entrevista ao documentário "Vale o escrito" — Foto: Reprodução

O objetivo do Gaeco,ao convocar Pulgar para depor,é que o jogador detalhe,em juízo,as circunstâncias da locação do imóvel. Para isso,os promotores também pediram que fossem ouvidos dois corretores que ofereceram a casa ao volante do Flamengo,além do intermediário responsável pelos pagamentos a Tamara. Em depoimento ao Gaeco,tanto Tamara quanto os corretores confirmaram que o aluguel era pago em dinheiro vivo.

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Tamara justificou que,por estar com as contas bloqueadas devido ao inventário do pai,optou por receber os pagamentos em espécie. Ela afirmou que o intermediário lhe entregava a quantia em envelopes. Segundo seu depoimento,em setembro de 2023,recebeu o valor proporcional ao aluguel da casa,além do depósito caução,no próprio imóvel,mas disse não se lembrar da quantia exata. Até abril deste ano,continuou recebendo o valor em dinheiro vivo,mas,a partir dessa data,os pagamentos passaram a ser feitos por meio de transferência bancária.

Bernardo Bello cartaz — Foto: Divulgação

A ex-mulher de Bello explicou ainda que os pagamentos em dinheiro eram feitos em locais públicos. Contudo,ela passou a aceitar depósitos bancários somente após reportagens publicadas sobre a locação do imóvel de Bello por Pulgar,o que ocorreu após 7 de março deste ano. Para o Gaeco,isso demonstra uma tentativa de dissimular os pagamentos recebidos,uma vez que o negócio se tornou público,como consta na denúncia:

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"Portanto,foi desfeito o aparato dissimulatório,ficando claro que os pagamentos eram feitos em espécie por uma razão: esconder a movimentação."

Em outro trecho da denúncia,os promotores ressaltam:

"Sendo o bem de origem ilícita — como demonstrado em sua ordem de sequestro —,evidentemente,os pagamentos feitos com esta natureza ostentarão a natureza de produto indireto do crime."

Bicheiro foragido

Bernardo Bello está foragido desde novembro de 2022,após a deflagração da Operação Fim da Linha,conduzida pelo Gaeco. Ele responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa,além de ser acusado de mandar matar Alcebíades Paes Garcia,o Bid,em fevereiro de 2020; e o advogado Carlos Daniel Dias,em maio de 2022.

A primeira vítima era tio de sua ex-mulher,sendo a motivação a disputa pelos pontos do bicho na Zona Sul do Rio. Segundo o processo,Bello teria contratado integrantes do Escritório do Crime,grupo de matadores de aluguel,para executar o tio de Tamara e da irmã gêmea,Shanna Garcia,filhas de Maninho. Bid foi assassinado quando chegava em casa,na Barra da Tijuca,vindo de um desfile do Sambódromo.

Já o motivo do homicídio do advogado,teria sido porque Bello queria se vingar de Carlos Daniel,segundo a polícia. O advogado incentivou o cliente dele,sócio do contraventor numa empresa de churrasco,a denunciá-lo pelo uso do negócio num esquema de lavagem de dinheiro descoberto a partir de relatórios de informação financeira analisados,à época,pelo Departamento-Geral de Combate à Corrupção,ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCor-LD) da Polícia Civil e o Gaeco. Carlos Daniel foi executado numa emboscada em Niterói.

O blog Segredos do Crime procurou as defesas de Bernardo Bello,Tamara Harouche e Eric Pulgar,mas nenhuma delas retornou as ligações.

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