Câmara dos Deputados - Votação do primeiro projeto do pacote de corte de gastos encaminhado pelo governo Lula (PT). Arthur Lira e Relator Átila Lira. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
GERADO EM: 26/12/2024 - 23:41
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Ao afirmar que "tudo foi feito" para cumprir as exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a transparência de emendas,o presidente da Câmara,Arthur Lira (PP-AL),emitiu recados e dividiu a culpa com o governo sobre a execução de emendas parlamentares,suspensas pelo ministro Flávio Dino,do Supremo Tribunal Federal (STF).
No início da semana,a Corte bloqueou R$ 4,2 bilhões em repasses. Lira disse que novos esclarecimentos serão dados a Dino na sexta-feira.
Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,Lira fez questão trazer à discussão o aval do governo. Na terça-feira da semana passada,mesmo com informações precárias sobre os autores de emendas de comissão,a Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) do Palácio do Planalto deu aval a ofício da Câmara,assinado por 17 líderes,que pedia a liberação de R$ 4,2 bilhões e a redistribuição do montante às bases eleitorais de parlamentares.
— Há tranquilidade de que a Câmara só agiu com base em acordos entre os poderes. Tudo foi submetido à SAJ (Secretaria de Assuntos Jurídicos do Palácio do Planalto) e aos ministérios — disse Lira.
Uma das justificativas levantadas por Dino para a suspensão das emendas de comissão foi a ausência de aprovação pelas comissões temáticas desse remanejamento. Em lei aprovada pelo Congresso com o objetivo de resolver o impasse,há a determinação de que esse tipo de recurso só pode ser executado,entre outros critérios,se houver aval dos colegiados.
— Pergunto o que era mais importante nessas semanas: debater emendas ou dar segurança jurídica ao corte de gastos?
Segundo Lira,a Câmara deverá responder aos questionamentos feitos pelo ministro do Supremo na manhã desta sexta,com atas das emendas de comissão. A esperança de aliados é que,com a pressão de governo e Congresso,o Supremo possa flexibilizar a sua posição
— Peticionaremos ao ministro-relator [Flavio Dino] ainda na manhã de amanhã os esclarecimentos — afirmou.
Na decisão de segunda-feira,Dino mandou suspender novamente o pagamento de emendas e determinou uma série de medidas a mais relacionados à execução dos recursos. O motivo,segundo ele,é que as indicações não atenderam a critérios estabelecidos previamente em acordo costurado entre a Corte,o Congresso e o Executivo.
Além de bloquear o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão,ele condicionou a liberação dos valores relativos a 2025 ao cumprimento de critérios estabelecidos previamente. O ministro ainda mandou que a Polícia Federal apure se houve irregularidades em uma manobra feita pela Câmara para executar os recursos.
No último dia 12,um ofício enviado pela Câmara ao governo mudou a destinação de parte das emendas de comissões previstas para serem liberadas nesta reta final do ano. O documento leva a assinatura de 17 líderes de partidos e pede a execução de R$ 4,2 bilhões que já estavam previstos no Orçamento de 2024,mas estavam bloqueados desde uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de agosto.
Deste valor,porém,R$ 180 milhões são referentes a "novas indicações",sendo que 40% (R$ 73 milhões) são direcionados ao Estado de Alagoas,reduto eleitoral de Lira. De acordo com três dos líderes ouvidos pela reportagem,a assinatura do documento se deu após pedido do deputado alagoano.