Lewis Hamilton faz primeira imagem como piloto oficial da Ferrari — Foto: Reprodução
GERADO EM: 20/01/2025 - 12:17
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Ao longo da História,muitos fabricantes de automóveis investiram na competição de automobilismo mais famosa do mundo. Alguns ingressaram no início,enquanto outros entraram e saíram ao longo dos anos por decisões estratégicas,orçamentárias,tecnológicas e comerciais.
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Não são apenas equipes esportivas competindo,mas sim empresas gigantes que facilmente ultrapassam a barreira do bilhão de dólares. Estima-se que a Ferrari seja a equipe mais valiosa do campeonato (além de ser a única "construtora" a ter competido em todas as temporadas desde que a série estreou em 1950),com um valor estimado de US$ 3,9 bilhões,seguida pela Mercedes,com US$ 3,8 bilhões.
A primeira coisa a se considerar ao analisar a decisão dos fabricantes de automóveis de investir neste esporte é a plataforma de marketing e construção de marca que ele propicia.
Max Verstappen (Red Bull) e Lando Norris (McLaren) surgem como protagonistas da segunda metade da temporada 2024 da Fórmula 1 — Foto: Divulgação
A competição vem crescendo ao longo das décadas e conquistando cada vez mais fãs ao redor do mundo: afirma ter 750 milhões de seguidores,com números que vêm crescendo desde 2018. Suas projeções de audiência também mostram que é um mercado em crescimento. Isso porque 42% dos fãs têm menos de 35 anos,e a faixa etária que mais cresce é a de mulheres entre 16 e 24 anos,segundo relatório da Fórmula 1.
Em 2024,17 dos 24 Grandes Prêmios esgotaram ingressos,e 10 estabeleceram novos recordes de público. Além disso,em quatro fins de semana houve mais de 400 mil pessoas inscritas (México,Estados Unidos,Reino Unido e Austrália) e onze com mais de 300 mil (os quatro anteriores mais Áustria,Bélgica,Hungria,Canadá,Holanda,Monza e Las Vegas). No total,o público foi de 6,5 milhões de fãs,meio milhão a mais do que em 2023,segundo dados publicados pela organização.
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No que diz respeito a uma das áreas fundamentais do marketing nestes tempos de comércio digital,nas redes sociais a Fórmula 1 atingiu 96 milhões de seguidores,com um crescimento de mais de 36% em relação a 2023 e um número muito superior aos 18,7 milhões de 2018.
Também vale a pena notar que a F1 quebrou recordes televisivos este ano. Por exemplo,o Grande Prêmio de Miami foi a corrida mais assistida na história dos EUA,de acordo com a ESPN,com 3,1 milhões de espectadores. No total,o GP da Grã-Bretanha foi a corrida europeia mais assistida da história no Reino Unido,com 2,4 milhões de espectadores. Esse fenômeno também foi replicado na China,onde o retorno do GP ao país asiático teve uma audiência de 14,8 milhões (50% a mais que a edição anterior daquela corrida,em 2019).
Com o suporte desses dados,as montadoras estão decidindo investir em um setor consolidado que tem demonstrado nos últimos anos que ainda tem espaço para crescer. Ao oferecer esses níveis de público,as marcas estão interessadas em se posicionar aos olhos de seus potenciais consumidores. Ao participar da F1,o objetivo é associar os valores das empresas automobilísticas ao prestígio,exclusividade e inovação que a competição busca transmitir,além de emoções como velocidade e paixão.
Como benefício extra e mais recente,mas não menos substancial,no que diz respeito à comunicação estratégica das empresas automobilísticas quando participam da F1,está o plano da competição de ser “neutra em carbono” até 2030. Para isso,busca-se reduzir as emissões de carbono até 50% em relação a 2018,uma medida que permite que as montadoras usem o esporte como uma forma de demonstrar seu comprometimento com a transição para tecnologias mais limpas e eficientes.
Claro,o segundo item a ser considerado é o mais relevante para qualquer marca que esteja pensando em entrar na competição: o impacto econômico. Tudo o que foi dito acima sobre representação de marca só se torna decisivo se benefícios puderem ser gerados por meio dela,direta ou indiretamente. É preciso levar em conta que,assim como o impacto é interessante para as montadoras,também é interessante para os patrocínios que elas incorporam.
Embora o investimento seja significativo,os retornos — diretos ou indiretos — muitas vezes justificam os custos. Se isso não acontecer,marcas e grupos empresariais abandonam a competição.
Para evitar que isso aconteça e prejudique a Fórmula 1 como marca,a análise para que uma nova empresa possa se juntar aos "construtores" com uma equipe própria é muito criteriosa e detalhada. A decisão cabe à FIA (Federação Internacional de Automobilismo),embora a empresa americana Liberty Media seja detentora dos direitos comerciais.
A federação analisa muitos aspectos,incluindo a capacidade técnica e os recursos disponíveis para a equipe; se tem capacidade de levantar fundos para cumprir com suas obrigações financeiras e competitivas para permanecer no grid; e se a empresa será capaz de cumprir com os regulamentos esportivos,técnicos e financeiros.
Além disso,realiza uma auditoria do plano de negócios para os primeiros cinco anos da empresa aspirante. Além disso,outros aspectos entram em consideração,como a experiência da equipe no setor automobilístico,se a equipe e as pessoas que a compõem têm condições de participar da categoria e,por fim,uma avaliação sobre em que o novo integrante pode contribuir para a competição,tanto em termos de valor de marca quanto de dinheiro agregado.
O último item que também faz parte da decisão das marcas é o desenvolvimento tecnológico e a inovação. A Fórmula 1 é um grande incentivo ao talento,permitindo que as marcas atraiam engenheiros,designers e especialistas de alto nível. Isso beneficia tanto seus programas de corrida quanto suas divisões comerciais,desafiando os limites e a criatividade das equipes temporada após temporada para superar seus concorrentes,com um nível de motivação e velocidade ao inovar que o mercado automotivo comercial não tem por estar focado em outras demandas.
Por exemplo,muitos avanços em aerodinâmica,eficiência de motores híbridos e uso de materiais leves nasceram na F1. Sem esquecer que a competição também permite que os fabricantes de automóveis testem suas tecnologias em um ambiente altamente exigente e sob pressão. Isso permite que a confiabilidade e o desempenho de seus produtos sejam validados sob condições extremas.