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Governo vive 'realinhamento de planetas'

2025-01-22     IDOPRESS

Reunião Ministerial na Granja do Torto - Presidente Lula se reuniu com os ministros para traçar diretrizes para a segunda metade do governo (2025 e 2026). Sidônio e Haddad; — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

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GERADO EM: 21/01/2025 - 22:36

Tensão entre Ministérios ameaça estabilidade do governo

O governo vive um "realinhamento de planetas" com conflitos entre Casa Civil,Secom e Fazenda. O novo protagonismo de Sidônio Palmeira na Comunicação enfraquece Haddad e levanta questões de interesses conflitantes. Lula busca melhorar sua imagem e se preparar para 2026,mas enfrenta desafios devido à complexidade das crises e da burocracia em Brasília. A tensão entre os ministérios pode trazer instabilidade ao governo.

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Se um raro evento astronômico permitiu nos últimos dias,com o ápice nesta terça-feira,que seis planetas estivessem visíveis a olho nu e aparentemente alinhados,no céu de Brasília são apenas dois os que continuam a se destacar,mas a chegada de um satélite promete realinhar a órbita do governo Lula.

A entrada de Sidônio Palmeira,com poderes até aqui inéditos para um titular da Secretaria de Comunicação do governo,já representa,por mais que exista um discurso de contemporização na Esplanada,um ganho de prerrogativas de Rui Costa,com consequente enfraquecimento de Fernando Haddad como ministro catalisador dos rumos da administração.

Um certo antagonismo entre os titulares da Casa Civil e da Fazenda não é exclusividade da gestão Lula 3,nem mesmo dos governos petistas. Trata-se de fenômeno que se repete com frequência bem maior que os vistos pelos telescópios,em maior ou menor grau,desde Fernando Henrique Cardoso,com Pedro Malan e Clóvis Carvalho,até Jair Bolsonaro,com cotoveladas entre Ciro Nogueira e Paulo Guedes. O ápice,por envolver dois protagonistas com ambições políticas,foi na primeira passagem de Lula pelo Planalto,mas escândalos acabaram abreviando os voos tanto de José Dirceu quanto de Antonio Palocci.

A disputa entre Haddad e Costa tem potencial para repetir esta última,não só por se tratar de um governo petista,mas porque os dois são justamente os nomes mais citados quando se pensa no futuro pós-Lula,em 2026 ou 2030. Haddad prevaleceu,até aqui,como responsável por definir os rumos do governo. Vem tentando fazê-lo sinalizando para algum grau de austeridade fiscal,mas a queda da popularidade do presidente,a má repercussão,junto ao eleitorado mais fiel de Lula,das últimas medidas de ajuste e a barbeiragem do Pix parecem ter cobrado uma fatia da autonomia de voo do paulista.

Medidas como a centralização da comunicação de todos os ministérios,nas minúcias de atos administrativos comezinhos,nas mãos de Sidônio e a necessidade de crivo da Casa Civil para tudo são sinais inequívocos do ganho de musculatura da dupla baiana.

O antagonismo não para por aí. O arranjo que levou o ex-marqueteiro das campanhas de Lula e do PT da Bahia para o interior do governo inclui uma inédita carta branca para que ele cuide também da contratação de agências por todos os ministérios,medida que retira dos titulares das pastas um poderoso instrumento de fazer política e contemplar aliados em suas bases eleitorais.

Também traz um potencial enorme de conflito de interesse a um profissional que até ontem atuava na área e que tem disputas com concorrentes,como o marqueteiro da mais recente campanha de… Haddad,Otávio Antunes,a quem se tentou,depois do leite já derramado,atribuir parte da responsabilidade pelas crises recentes do anúncio do ajuste fiscal,concomitantemente com a reforma do Imposto de Renda e a demora em perceber o potencial de estrago da campanha de desinformação sobre o Pix.

Lula espera,com a reforma do gabinete iniciada pela chegada de Sidônio,melhorar sua avaliação e criar condições políticas para vencer de novo em 2026. Na reunião ministerial em que foi a grande estrela,o novo titular da Secom disse que a eleição será ganha neste ano,e não no próximo,e prometeu resultados da nova comunicação do governo em 90 dias. Uma meta bastante ambiciosa e talvez um tanto irrealista quando se leva em conta que a burocracia de Brasília e a heterogênea rede de partidos que compõem a base do governo tornam as coisas bem mais difíceis que jornadas de tiro curto,irrigadas por milhões de fundo eleitoral,como as campanhas eleitorais.

Uma dinâmica em que Casa Civil e Comunicação estejam de um lado e a Fazenda de outro,sistematicamente,pode causar não um vistoso alinhamento de planetas no céu,mas uma chuva de meteoros para um governo que já vem se mostrando um tanto disfuncional diante de crises de variados graus de complexidade.

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