Filme 'Meu verão com Glória' — Foto: Divulgação
GERADO EM: 19/02/2025 - 17:45
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Em temporada de premiações,se houvesse a categoria “melhor sintonia”,as vencedoras seriam Louise Mauroy-Panzani e Ilça Moreno Zego. A primeira interpreta Cléo,menininha francesa míope de 6 anos,dentição incompleta e impressionante furor expressivo. A segunda vive Glória,imigrante de Cabo Verde,babá de Cléo desde o nascimento. Ambas estreantes nas telas.
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A química entre elas é captada com sutileza e expressiva utilização de closes por Marie Amachoukeli neste seu segundo longa,mas sem escorregar no sentimentalismo ou abrir mão das contradições de mães que deixam seus filhos para cuidar da prole alheia. E se Cléo,apesar de uma história de dor,é cercada de todo carinho,a família de Glória atravessa dificuldades. E chega a hora de a babá cuidar dos próprios filhos. A despedida é selada com a promessa de se encontrarem o mais rápido possível. Dito e feito.
“Meu verão com Glória”,que abriu a Semana da Crítica no Festival de Cannes em 2023,não economiza nuances,afetos,humor e momentos de tensão em relação tão delicada. Naquele verão,as posições são invertidas: a babá está “em casa”,Cléo é a estrangeira,em paisagem,costumes e língua que desconhece.
Com tato e verdade,a realizadora expõe a dureza da vida de tantas mulheres sem lugar em seu próprio país ou em terras estrangeiras. Em situações extremas,animações abstratas ocupam a tela,acompanhadas de trilha musical original. Pela intensidade dos afetos,um filme de aquecer o coração — em qualquer estação.
Bonequinho aplaude.