Gilberto Kassab e Raquel Lyra — Foto: Divulgação
GERADO EM: 12/03/2025 - 22:37
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Após tirar do PSDB a governadora de Pernambuco,Raquel Lyra,o presidente do PSD,tenta ampliar ainda mais os estados governados por seu partido e investe na filiação dos tucanos Eduardo Leite,do Rio Grande do Sul,e Eduardo Riedel,de Mato Grosso do Sul. Com a chegada da ex-tucana,a sigla subiu para três estados governados. Procurados,Leite e Riedel não quiseram comentar.
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O PSD foi responsável por uma debandada do partido do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso,principalmente em São Paulo,berço dos tucano. Kassab integra o secretariado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além disso,já há um acerto com o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung,que será filiado em um evento em São Paulo,no início de maio. A fundação do partido,Espaço Democrático,passará a ser comandada por ele. Há a intenção de que Hartung seja um dos nomes para 2026 ao Senado ou ao governo.
Em outra frente,o partido tenta ampliar sua participação na Esplanada dos Ministérios,seja com mais uma pasta ou trocando o comando da Pesca e Aquicultura por um espaço mais robusto,com mais orçamento e capilaridade. Há expectativa entre aliados de uma conversa entre o presidente Lula e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nos próximos dias. O espaço mais citado é o Ministério de Indústria e Comércio,ocupado pelo vice-presidente,Geraldo Alckmin. O senador mineiro também é lembrado para as pastas de Justiça e Ciência e Tecnologia.
O PSD foi o partido que elegeu mais prefeitos na eleição do ano passado,desbancado o MDB,o que deu à sigla mais força para a busca de novos filiados. Foram 877 prefeituras,contra 832 do MDB.
Esse poderio que o PSD vem alcançando deve influenciar diretamente nas decisões que as siglas de direita e esquerda devem tomar para as eleições de 2026. O partido tem hoje o pé nas duas canoas e a possibilidade de lançar um candidato próprio ao Planalto,tendo o governador do Paraná,Ratinho Jr. (PSD),como o principal cotado até agora.
— Queremos participar das eleições presidenciais com uma candidatura própria,respeitando,diante das circunstâncias da política brasileira,aqueles que não poderão acompanhá-la,seja de um campo ou seja de outro. E eu acredito que o PSD,encerradas as eleições,sairá maior — diz Kassab.
Apesar de estar no governo Lula com três pastas (Agricultura,Pesca e Minas e Energia),o PSD tem laços com o bolsonarismo e,principalmente,com Tarcísio,que é até o momento uma das principais apostas da direita para substituir Jair Bolsonaro nas urnas.
— Obviamente que um partido que saiu das eleições municipais como o maior deles vai ter protagonismo,só quem não é da política para não enxergar — diz o senador Nelsinho Trad (PSD-MS),que apoiou a reeleição de Bolsonaro.
A força que Kassab conseguir deverá dar a ele margem de manobra para se posicionar na disputa presidencial. Além das prefeituras e governos,o partido terá lugar de destaque no Congresso este ano com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado,com Otto Alencar (PSD-BA).
O avanço de Kassab sobre outros partidos trouxe reveses. Na quarta-feira,a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB) anunciou que vai se desfiliar da sigla. Ela havia se posicionado contra a possibilidade de fusão do PSD com o PSDB e declarou que não via condições de discutir alianças com lideranças tucanas da Paraíba,em razão do cenário político do estado.
Daniella é dirigente estadual do PSD e ocupa o único cargo do partido na Mesa Diretora do Senado,a primeira secretaria. A decisão da senadora foi tomada após uma conversa com Kassab:
— Sempre deixei claro ser contra a possibilidade dessa união (com o PSDB). Na Paraíba estamos em lados opostos na política e nas disputas eleitorais. Não quero atrapalhar a estratégia nacional do PSD. Neste sentido,estamos deixando o partido mantendo nossa coerência na política.