Transição. Estudantes de São Paulo participam de avaliação: mudanças no Ideb começam gradualmente em 2025 e devem se concretizar daqui quatro anos — Foto: Mastrangelo Reino/A2IMG/08-11-2017
GERADO EM: 16/03/2025 - 21:13
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O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) deverá considerar,a qualidade da escrita dos estudantes brasileiros com questões discursivas e ter uma nova fórmula de cálculo. Realizado a cada dois anos,esse é o principal medidor de qualidade de educação no país. As transformações começam gradualmente em 2025,ainda como testes,e devem se concretizar daqui quatro anos.
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O Ideb foi criado em 2007,durante o segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,com uma série de metas estabelecidas para cada dois anos até 2021. Depois disso,esses objetivos precisavam ser rediscutidos e,nesse processo,o próprio instrumento também passará por revisões. Essas transformações estão sendo debatidas dentro do Inep em conjunto com um comitê formado por especialistas externos.
A introdução de questões discursivas na prova do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb),por exemplo,começa em 2025 apenas de forma amostral como um teste — hoje a prova é inteira de múltipla escolha. A perspectiva é que isso pavimente o caminho para que o futuro Ideb também reflita a qualidade da escrita dos alunos brasileiros.
— A ideia é que a gente introduza essa dimensão da escrita como uma parte da avaliação. Isso impacta o tempo de produção dos resultados e também tende a exigir dos elaboradores dos testes alguma previsibilidade em relação a correção. Por isso,será experimental esse ano — afirma Manuel Palacios,presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),responsável pela avaliações no Ministério da Educação (MEC).
O Ideb,que varia de 0 a 10,é calculado considerando o número de alunos que passam de ano e a nota que eles tiram na prova do Saeb. A tendência,no entanto,é que essa fórmula mude. A taxa de estudantes aprovados deve ser mantida,mas a segunda parte do cálculo pode sofrer alterações. No lugar dela,o Inep planeja construir um novo indicador que,em vez de uma nota média dos alunos,vai considerar a proporção de jovens com a aprendizagem adequada para sua etapa escolar.
— Mas,para isso,o Inep vai definir o que o aluno precisa aprender para se considerar como adequado — explica Manuel Palacios.
Para isso,o Inep vai ouvir professores,secretarias de educação e especialistas durante seminários que acontecerão em abril nas cinco regiões do país. A partir dessa escuta,os técnicos do instituto vão criar quatro níveis de aprendizagem (avançado,adequado,básico e abaixo do básico) para alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) e do segundo (do 6º ao 9º ano). Depois disso,começarão os trabalhos para o ensino médio.
Segundo Palacios,essa medida está relacionada com uma das novas metas propostas pelo Ministério da Educação para o novo Plano Nacional de Educação,que será debatido neste ano pelo Congresso. Ela prevê que 70% dos estudantes acabem o 5º ano com aprendizagem adequada para a idade; 65% ao final do ensino fundamental; e 60% ao final do ensino médio.
Outra mudança que deve ocorrer é a utilização do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) como a prova do Saeb para os alunos do final do ensino médio. Atualmente,o jovem que está se formando precisa fazer as duas provas. A ideia do MEC,que conta com o apoio dos secretários estaduais de educação,é juntar as duas em uma só.
Desde o final do Enem do ano passado,quando o ministro da Educação,Camilo Santana,anunciou essa ideia,estudos estão sendo feitos no Inep para adequar a prova do Enem para ela servir não só para selecionar alunos ao ensino superior como também para avaliar as redes,uma dificuldade técnica que já vinha sendo prevista por especialistas em educação.
— Essa mudança não necessariamente implica mudar o perfil dos itens,de forma que torne o Enem desconectado com a matriz atual. Estamos fazendo estudos comparativos do resultado do Enem com o do Saeb e vendo que alunos que vão bem em um,também têm bons resultados no outro. Ou seja,há uma convergência grande. Mas é um olhar novo — diz Palacios. — Até maio vamos apresentar ao ministro uma proposta para essa mudança.
De acordo com o Inep,todas essas mudanças do Saeb e do Ideb não impedirão a comparação dos futuros resultados com a série histórica construída nos últimos anos. Em 2023,o Brasil ficou com a nota do Ideb 6 no 5º ano do ensino fundamental; 5 entre os anos do 9º ano; e 4,3 ao final do ensino médio. Já as metas estabelecidas para 2021 — as últimas criadas em 2007 — eram de 6; 5,5; e 5,2,respectivamente.
Goiás,Espírito Santo,Paraná e Ceará aparecem com alguns dos melhores desempenhos no Ideb nos três estágios avaliados. Já o Rio Grande do Norte,o Rio de Janeiro e a Bahia têm se destacado negativamente.
— A ideia é que em 2025 a gente mantenha as matrizes de referência de 2001,mas já comece a trabalhar com o que é comum com a Base Nacional Comum Curricular,que será a nova matriz. Em 2027,vamos trazer mais novidades e concluir essa transição em 2029. É preciso tempo para as redes entenderem as mudanças e se adaptarem a elas — explica.
Avaliação da escrita: O teste do Saeb deverá apresentar questões dissertativas para avaliar a qualidade de escrita dos estudantes — uma novidade na avaliação em larga escala brasileira,mas que já é aplicada em testes internacionais,como o Pisa. Em 2025,aparecerá em parte das provas dos alunos como um teste para o futuro.Fórmula de cálculo: A tendência é que Ideb mude sua fórmula de cálculo. Em vez da nota do Saeb,o Inep poderá usar um indicador novo que considera patamares de desempenho dos alunos (abaixo do básico,básico,adequado e avançado). Esses padrões de desempenho estão sendo criados em seminários com educadores e especialistas.Enem: Além de selecionar alunos para a graduação,o Enem também passará a ser utilizado para avaliar as redes substituindo o Saeb para os alunos do ensino médio. Isso levará a alterações no perfil das questões que estão sendo estudadas pelo Inep. O Inep apresentará ao ministro uma análise dessas mudanças até maio.